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Europa ameaça tirar voto de país endividado

Líderes discutem até intervenção de Bruxelas no Orçamento de governos que não respeitarem limite da dívida

Apesar das promessas de mudanças, mercados continuam a pressionar títulos da dívida dos países da zona do euro

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Stefano Rellandini/Reuters
O premiê italiano, Mario Monti (esq.), e seu antecessor Silvio Berlusconi na residência oficial dos primeiros-ministros
O premiê italiano, Mario Monti (esq.), e seu antecessor Silvio Berlusconi na residência oficial dos primeiros-ministros

A crise na Europa pode derrubar novas barreiras da soberania nacional, com os líderes da região sugerindo até mesmo retirar do país que não respeitar o limite da dívida o poder de voto em decisões do bloco.
"Estamos enfrentando agora uma crise verdadeiramente sistêmica e que exige um compromisso ainda mais forte de todos -e isso pode exigir medidas adicionais e muito importantes", disse o presidente da Comissão Europeia, José Durão Barroso.
Ele disse que vai apresentar na semana que vem plano para o aumento do controle da UE (União Europeia) sobre os Orçamentos nacionais.
Entre as propostas está a autorização para que a Comissão Europeia tenha poderes de fazer recomendações na elaboração dos Orçamentos dos países deficitários.
As regras da UE exigem que os membros respeitem o limite de 3% de deficit em relação ao PIB e de dívida pública de até 60% do PIB.
Apesar de vários países constantemente não respeitarem as normas, sanções (como multas) nunca foram aplicadas pelo bloco.
O presidente do Conselho Europeu, o belga Herman Van Rompuy, defendeu, também em Bruxelas, que fique mais fácil aplicar sanção a países que não cumprirem com as obrigações.
No seu discurso aos parlamentares, Rompuy propôs ideias como a suspensão do direito a voto no bloco dos países que não respeitarem as normas e o congelamento de fundos da UE para obras de infraestrutura.
A proposta de aumentar o poder de intervenção central tem o apoio da chanceler alemã, Angela Merkel.
"A Alemanha vê a necessidade neste contexto de mostrar aos mercados e ao público mundial que o euro vai permanecer unido, que o euro precisa ser defendido, mas estamos preparados para ceder um pouco da nossa soberania nacional."
Apesar das promessas e dos novos governos, o mercado continua a desconfiar dos rumos da Europa.
O rendimento cobrado pelos investidores para adquirir os papéis espanhóis voltou a subir ontem, e o dos títulos italianos teve leve recuo, mas permanece em 7%.
Outros países periféricos, como a Eslovênia, também vêm sofrendo forte pressão em cima dos seus títulos.
Na Itália, o primeiro-ministro Mario Monti apresentou seu gabinete (formado por técnicos, e não por políticos) e vai assumir também a pasta da Economia. Medidas para resolver a crise italiana devem ser apresentadas hoje.
Já o premiê grego, Lucas Papademos, ganhou com ampla vantagem um voto de confiança do Parlamento. "Cada voto a favor [do governo] é um ato de responsabilidade."

REBAIXAMENTO
A agência de classificação de risco Moody's piorou ontem sua avaliação sobre as chances de dez bancos públicos alemães se manterem solventes.
Segundo a Moody´s, a crise europeia não foi o motivo principal para o rebaixamento das notas de risco dessas instituições financeiras, mas questões da regulamentação bancária alemã.
Também ontem, outra agência, a Fitch, advertiu para a exposição dos bancos americanos à crise europeia.
Embora reconheça que essas instituições reduziram o capital aplicado em títulos emitidos no Velho Continente, ao longo do trimestre passado, a Fitch alertou que os grandes bancos americanos não estarão livres de problemas caso a crise nessa região não seja resolvida.

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