Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Jornais vivem bom momento apesar de guerra com Cristina

Argentino "La Nación" bateu recorde de circulação, e "Clarín" teve aumento no faturamento no ano de 2011

Diários fazem oposição aberta à Casa Rosada; governo tenta mudar as leis de mídia, alegando reduzir concentração

LUCAS FERRAZ
DE BUENOS AIRES

A campanha do governo argentino contra a imprensa opositora, sobretudo os jornais "Clarín" e "La Nación", ainda não surtiu o efeito desejado por parte dos integrantes da Casa Rosada.
A guerra declarada pela administração de Cristina Kirchner não impediu a expansão dos dois maiores veículos do país: um teve circulação recorde, o outro aumentou o faturamento.
Ou, ironicamente, a atitude de confrontação do governo teve um efeito contrário, contribuindo para o crescimento dos diários, como disse à Folha um colunista do "Clarín" que pediu para não ser identificado.
No último domingo, o "La Nación", o segundo em circulação na Argentina, bateu recorde de vendas: 348 mil exemplares, feito inédito em 141 anos de história.
Jornal de direita e histórico aliado da oligarquia argentina, o "La Nación" foi o primeiro veículo a se posicionar contra o kirchnerismo, logo em 2003, quando Néstor Kirchner foi eleito. Desde então a linha editorial se mantém.
A situação foi diferente com o Grupo Clarín, o maior conglomerado de mídia da Argentina. Aliado do kirchnerismo até 2008, hoje é o principal inimigo.
Apesar de o diário "Clarín", jornal mais vendido do país com média de 580 mil exemplares aos domingos, ter perdido leitores nos últimos dois anos, o grupo -que controla também jornais no interior, TVs, gráficas, serviços de internet e TV a cabo e até livraria- aumentou o faturamento em 27%, comparando o primeiro semestre de 2011 com o mesmo período de 2010.
"A disputa com o governo teve impacto e é um dos fatores para explicar esses resultados, mas não é só isso. O 'La Nación' tem uma estratégia de fidelização dos leitores, com promoções em restaurantes, que têm dado certo. O 'Clarín', que diminuiu sua circulação, foi beneficiado pelo bom momento publicitário", disse à Folha Daniel Dessein, presidente da Adepa (Associação de Entidades Jornalísticas Argentinas).
Iniciado em 2008 após a crise do governo de Cristina Kirchner com os produtores do campo, o conflito com a imprensa atingiu seu auge no ano seguinte, quando o Executivo aprovou no Congresso uma lei que regula o setor de rádio e TV, limitando a participação de empresas privadas nesses mercados.
O principal afetado pela legislação é o "Clarín", que teria que se desfazer de parte de suas empresas.
O governo argentino nega a perseguição e diz que a mudança na legislação tem o objetivo de desconcentrar o mercado e incentivar a pluralidade de opiniões.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.