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Em SP, coptas preocupam-se com tensão sectária no Egito

DIOGO BERCITO
DE SÃO PAULO

O conflito entre cristãos e muçulmanos no Egito perpassa fronteiras e é assunto em uma igreja paulistana, em que se abriga a pequena comunidade copta no Brasil.
Um grupo de coptas -nome dado a cristãos egípcios- marchou ontem no Cairo, em protesto. Houve confrontos, e 29 foram feridos. Em 9 de outubro, 25 morreram durante conflito com o Exército.
A morte de fiéis é assunto recorrente entre coptas. O calendário dessa igreja começa justamente no ano de 284, marcado pelo assassinato de cristãos a mando do imperador romano Diocleciano. Chama-se A.M., ano do martírio.
É uma história lembrada pelo padre egípcio Mikhail Wadie, 39, conforme ele celebra a missa de domingo na Catedral de São Marcos, na zona sul de São Paulo.
Aos presentes, ele fala sobre o martírio de São Mateus Evangelista. À Folha, após o rito, ele fala também sobre
os coptas mortos durante os últimos meses, no Egito.
"Essa é uma igreja famosa pelos mártires", afirma Wadie, que prega no Brasil há cerca de um ano e meio.
A catedral copta em São Paulo foi construída em 2001, em um terreno comprado quatro anos antes pelo bispo Aghason. Consagrada em 2006 por Shenouda 3º -o papa copta-, a igreja ainda recebe poucos fiéis. Cerca de 15 pessoas assistiram à missa acompanhada pela reportagem, durante um domingo.
"A igreja é egípcia, mas não há egípcios", brinca Wadie. A esposa dele e as duas filhas do casal acompanharam o ritual. Além deles, estava ali a egípcia Nahad Gamal, 73, que vem de Santana até a catedral aos domingos.
Não há informação sobre o número de coptas no Brasil. No mundo, estima-se que cheguem a somar 20 milhões.
A missa dominical dura quase duas horas, nas quais padre e diáconos alternam a pregação em português com os cânticos em árabe e em copta, língua litúrgica aparentada ao egípcio antigo e dotada de alfabeto próprio.
O cheiro de mirra e de incenso fumega os visitantes. Atrás do padre, ergue-se uma "iconostasis" (parede com imagens de santos) de madeira entalhada, que faz as vezes de cenário para o ritual.
Após a missa, visitantes recebem um pedaço de pão partido pelo padre. Escadas abaixo, bebem café e refrigerante.

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