São Paulo, segunda-feira, 01 de janeiro de 2001

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MULTIMÍDIA
El Pais - de Madri

Na Internet cubana, só clandestinos são livres

CUBA - Somente 40 mil cubanos, de uma população de 11 milhões de habitantes, têm acesso à Internet -e com severas restrições. O governo cubano têm normas estritas para que as informações obtidas via Internet estejam "em correspondência" com os "princípios éticos" da revolução e não afete "os interesses nem a segurança do país".
"Até os membros do Taleban, no Afeganistão, têm acesso à Internet", compara o dissidente cubano Elizardo Sánchez, para quem o forte controle à Internet faz parte da censura ideológica e política mantida no país.
Segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras, Cuba é um dos 20 países do mundo que, sob o pretexto de proteger o público contra idéias subversivas e de garantir unidade ao país, impede o acesso dos cidadãos à rede.
Para as autoridades da ilha, a razão do bloqueio à Internet é mais econômica que política, já que os computadores são um artigo de luxo e as linhas telefônicas são escassas e de má qualidade.
"Hoje em dia, viver de costas à Internet significa viver de costas ao mundo e à modernidade", afirma Vladimir, um estudante da Universidade de Havana que, como vários de seus colegas, paga, em dólar, para conectar-se à rede clandestinamente.
"Nos escritórios só algumas pessoas têm a chave para a conexão e não se pode entrar em páginas de conteúdo político e em endereços de jornais como o "Miami Herald'; aos cubanos não é permitido ter uma conta privada, nem pagando", explicou Vladimir.
Mas os cubanos estão acostumados a burlar diversos bloqueios. Nos anos 90, engenheiros cubanos piratearam com antenas parabólicas caseiras os dez canais de TV estrangeiros emitidos para instalações turísticas. Da mesma forma, milhares de cubanos se conectam toda noite à Internet com senhas obtidas clandestinamente.
Algumas empresas cubanas e estrangeiras têm direito a usar a Internet 24 horas, mas só a acessam no horário comercial. Os piratas compram as senhas dessas empresas para usá-las à noite por entre US$ 10 e US$ 30 por mês. A restrição é não abrir o correio eletrônico da "vítima" para que a operação não seja detectada.

Havana na rede
O governo usa a Internet. Nos últimos três anos, ele modernizou as redes telefônicas e comprou computadores com o objetivo de equipar empresas e centros de investigações e planeja criar uma dezena de cybercafés em 2001 (já inaugurou dois).
O Ministério das Relações Exteriores de Cuba lançou a página www.cubaminrex.cu, que traz informações sobre a ilha e as ações do governo.



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