São Paulo, quinta-feira, 01 de janeiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Militares ocupam aldeias após massacre de 400 no Congo

Coalizão africana acusa rebeldes de Uganda por ataques

DA REDAÇÃO

Os três Exércitos envolvidos na ofensiva contra rebeldes ugandeses na República Democrática do Congo anunciaram ontem a ocupação de aldeias no leste do país para conter os massacres desencadeados após a operação. Pelo menos 400 pessoas foram assassinadas pelos rebeldes desde o Natal, segundo a organização católica Caritas. No último domingo, a ONU tinha registrado 189 mortes em três aldeias saqueadas.
"Deslocamos tropas para a maioria das vilas que podem ser alvo de ataques", disse ontem o capitão Chris Magezi, porta-voz da operação conjunta dos Exércitos de Uganda, do Congo e do sul do Sudão -região semiautônoma de maioria cristã. "Vamos proteger os assentamentos civis, enquanto outra força militar persegue os rebeldes."
Os aliados afirmam que os massacres são uma reação do LRA (Exército de Libertação do Senhor, na sigla em inglês) à ação coordenada, que destruiu bases do grupo no leste do Congo. O LRA nega participação e acusa o Exército de Uganda de promover os massacres para mobilizar a opinião pública.
A ofensiva começou no mês passado, após o líder do LRA, Joseph Kony, recusar acordo de paz com o governo de Uganda. Procurado pelo Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra e crimes contra humanidade, Kony exige garantias de que ele e outros dirigentes do grupo não serão presos.
O grupo rebelde é acusado de mutilar civis e sequestrar crianças, forçando os meninos a servir como carregadores ou combatentes e as meninas, como escravas sexuais.
Autoproclamado profeta, Kony alega defender o povo acholi, que habita o norte de Uganda, e prega um governo fundamentalista cristão, baseado nos dez mandamentos e nas tradições locais.
O LRA é um grupo compacto, integrado por cerca de mil combatentes. Sob ataque, eles normalmente se dispersam, mas logo voltam a se agrupar.
Em conflito com o governo há duas décadas, o LRA está fragilizado pela ruptura com o governo sudanês. Cartum afastou-se do grupo após celebrar a paz com a região sul do país, que tem status semiautônomo. Nos últimos anos, as bases dos rebeldes migraram do Sudão para o Congo.
Dilacerado por confrontos, parcialmente interrompidos pelo acordo de paz de 2003, o Congo tornou-se refúgio para grupos rebeldes dos países vizinhos. A exploração do rico subsolo congolês alimenta os conflitos. Entre 1998 e 2003, seis Exércitos africanos lutaram no país, em uma guerra que deixou 5 milhões de mortos, a maioria vítimas da fome e de doenças.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Com "eurocético" no poder, Praga assume chefia da UE
Próximo Texto: Leste Europeu: Por gás, Rússia acusa Ucrânia de chantagem
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.