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LEI
Corte internacional vê violação de direitos dos réus, todos mexicanos; país, que ignorou sentenças anteriores, diz que estudará decisão
Tribunal quer sustar 51 execuções nos EUA
ANDREW BUNCOMBE
DO "INDEPENDENT", EM WASHINGTON
Os EUA foram instruídos a rever os processos de 51 mexicanos
que estão no corredor da morte
no país, depois que a Corte Internacional de Justiça declarou que
os direitos deles foram violados.
O tribunal disse que as autoridades americanas impediram esses presos de ter contato com representantes de seu próprio país
que pudessem ajudá-los em sua
defesa. Com isso, os EUA infringiram a Convenção de Viena, de
1963, segundo a corte.
Em sessão em Haia (Holanda),
o juiz que preside a corte, Shi Jiuyong, declarou: "Os EUA devem
garantir, por meios de sua própria
escolha, a revisão significativa da
condenação e do sentenciamento
dos presos".
O Departamento de Estado
americano, por meio de um porta-voz, disse que vai estudar
"atentamente" a instrução para
tomar as ações "apropriadas".
Pelos estatutos da corte, suas
decisões são "finais, devem obrigatoriamente ser respeitadas e
não são sujeitas a apelações". Se
um dos lados diz que o outro deixou de cumprir uma decisão da
corte, pode submeter a questão à
ONU. No passado, os EUA já ignoraram algumas das decisões.
O que está na base do caso é um
dos pilares centrais da convenção
de 1963, que garante a acusados
de crimes graves, fora de seu país,
o direito de pedir ajuda a seu próprio governo. Eles devem ser informados desse direito pelas autoridades que as prendem.
O advogado mexicano Juan
Manuel Gomez argumentou no
tribunal, em dezembro, que seu
país não contesta o direito dos
EUA de impor a pena de morte.
Criticou, porém, o abuso que cidadãos mexicanos sofrem num
sistema que não compreendem.
A única solução justa, para ele,
seria reiniciar todos os processos
na Justiça. Washington, por sua
vez, argumentou que a questão
diz respeito à soberania americana. O advogado americano William Taft disse que os presos tiveram julgamento justo e que, mesmo que não tenham recebido ajuda consular, a maneira pela qual
esse mal será remediado "deve ser
deixada por conta dos EUA".
A organização Human Rights
Watch, sediada em Nova York,
declarou: "A decisão pode fazer a
diferença entre vida e morte para
estrangeiros processados nos
EUA. O acesso a funcionários
consulares não é uma mera questão legal técnica -é o caminho
para um julgamento justo e a maneira mais segura de impedir decisões injustas de tribunais".
O presidente do México, Vicente Fox, também comemorou a decisão. "Foi um triunfo da lei internacional e dos direitos humanos."
A questão da pena de morte
vem sendo fonte persistente de
tensões entre EUA e México. Em
2002, Fox cancelou um encontro
com o presidente George W. Bush
depois que o Estado do Texas executou um detento mexicano.
No início de março, o México se
queixou a Bush acerca da decisão
do Estado do Oklahoma de executar Osvaldo Torres, condenado
por duplo homicídio em 1993.
Torres está com sua execução
marcada para 18 de maio, apesar
de a corte internacional ter determinado sua suspensão.
Em 2001, a corte ouviu uma
ação semelhante, aberta pela Alemanha, para suspender a execução de dois irmãos alemães que
também não tinham sido informados de seu direito à assistência
consular. Um dos irmãos foi executado antes que a corte pudesse
agir. Os juízes da corte internacional ordenaram a suspensão da
execução do segundo irmão, Walter LaGrand, mas ele foi executado mesmo assim no Arizona.
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