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Veteranos querem ação contra militares argentinos por tortura
DE BUENOS AIRES
Neste mês, um grupo de ex-combatentes argentinos apresentará à Justiça uma denúncia
de 25 casos de soldados vítimas
de tortura (um deles até a morte) praticada por seus superiores. A intenção é processar os
próprios compatriotas por crimes contra a humanidade.
O grupo também busca que o
governo abra o segredo de
guerra sobre documentos da
época revelando maus-tratos.
"Os militares usaram conosco
os mesmos métodos que tinham aprendido na repressão à
subversão", conta o veterano
Ernesto Alonso, 44.
Como Alonso, vários soldados de 18 anos, inexperientes e
em pleno serviço militar obrigatório, foram enviados às
ilhas. Hoje, os ex-combatentes
recebem pensão de US$ 800.
Há três anos, antes do governo
Kirchner, eram US$ 400.
Entre 2 de abril e 14 de junho
de 1982, segundo os números
oficiais, 649 combatentes argentinos e 255 britânicos foram mortos durante a guerra,
além de três civis das ilhas. Os
suicídios de ex-combatentes,
porém, elevam os números.
Pelas estimativas da South
Atlantic Medal Association (associação de civis e militares britânicos que participaram da
Guerra das Malvinas), ao menos 264 veteranos cometeram
suicídio desde o fim do conflito.
Na Argentina, as associações
estimam que o número de suicídios já tenha superado o dos
326 mortos em combates.
Na sexta-feira, o Banco Central argentino lançou uma
emissão especial de moedas de
dois pesos para homenagear os
combatentes da guerra.
Na cidade argentina de Ushuaia, que se considera a capital das Ilhas Malvinas (e que
também se autodenomina o
"Fim do Mundo"), veteranos
passarão a noite de hoje em claro para ver nascer o dia 2 de
abril. Na vigília, relembrarão
companheiros.
Há 25 anos, nesse mesmo
dia, Juan Domingo Spinelli estava dentro de um navio, em direção às Malvinas. Hoje, aos 57
anos, o ex-soldado diz sonhar
com o dia em que o Reino Unido entregará ao menos uma das
duas grandes ilhas à Argentina.
Na praça de Ushuaia, batizada de Malvinas Argentinas
-assim como o aeroporto da
cidade, uma avenida, um bar e
um posto de gasolina-, Sergio
Javier Pecot, 44, que aos 19
anos foi feito prisioneiro de
guerra dos ingleses, chora ao
contar que se prepara para responder perguntas dos filhos,
que estão crescendo. "Os militares nos obrigaram a silenciar
tudo."
(BRUNO LIMA)
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