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Oviedo usa Lula em campanha no Paraguai
Em anúncio, candidato se põe ao lado de brasileiro e promete "negociação" em lugar de "conflito" de rival
FÁBIO VICTOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A 20 dias das eleições presidenciais no Paraguai, um anúncio veiculado pela campanha de
Lino Oviedo em jornais do país
associando o general reformado aos presidentes Luiz Inácio
Lula da Silva e Cristina Kirchner (Argentina) e seu principal
concorrente, o ex-bispo católico Fernando Lugo, aos mandatários Hugo Chávez (Venezuela) e Evo Morales (Bolívia), tornou ainda mais tensa a reta final da disputa.
A peça publicitária trata das
usinas hidrelétricas de Itaipu
(parceria Brasil-Paraguai) e
Yacyretá (Argentina-Paraguai)
e associa o Oviedo à "negociação" e Lugo ao "conflito".
Oviedo -condenado por tentativa de golpe de Estado, mas
depois solto- aparece entre
Lula e Cristina, trinca associada pela propaganda a "respeito
aos contratos", "crescimento
econômico" e "mais empregos". Lugo, Chávez e Morales
são ligados a "descumprimento
de contratos", "crise econômica" e "fuga de capitais".
O anúncio foi classificado pelos correligionários de Lugo como terrorismo eleitoral. Líder
nas pesquisas, o ex-bispo encabeça uma coalizão de esquerda
que pode pôr fim a 61 anos de
hegemonia do Partido Colorado, da terceira principal concorrente, Blanca Ovelar, ao
qual Oviedo já foi filiado.
Lugo, que amanhã visita Brasília, onde será recebido por
Lula, tem como uma das bandeiras de campanha a rediscussão do Tratado de Itaipu. Ele
defende que o Brasil pague um
preço "justo", pela energia excedente vendida pelo Paraguai.
O governo brasileiro não pretende rever o tratado e diz que
já paga um preço de mercado.
"A propaganda é parte da
guerra suja, é uma tentativa de
Oviedo de assumir uma bandeira que não lhe pertence e
manipular a imagem dos outros. Vamos tomar medidas jurídicas, já que [o anúncio] viola
a lei eleitoral, que não permite
usar imagens de terceiros sem
autorização", disse à Folha Miguel López Perito, coordenador da campanha de Lugo.
O anúncio foi criado pela
equipe do brasileiro Elsinho
Mouco, marqueteiro de Oviedo, da Pública Comunicação,
de São Paulo. "Sabemos que o
povo paraguaio não quer enfrentamento", justificou ele.
Questionado se Lula autorizara o uso de sua imagem por
Oviedo e como analisava o episódio, o Palácio do Planalto limitou-se a informar que não se
pronuncia sobre questões internas de outros países.
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