São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2010

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Doações ao Haiti superam meta em reunião

Conferência de doadores em Nova York arrecada US$ 5,3 bi nos próximos dois anos e outros US$ 3,7 bi ao longo prazo

Brasil doa US$ 172 milhões; ONU estima custo total da reconstrução do país caribenho em US$ 11,5 bi nos próximos dez anos


Chip East/Reuters
Chanceler Celso Amorim discursa, sob olhares da americana Hillary Clinton, na conferência de doadores ao Haiti, em Nova York

DE NOVA YORK

Cerca de 120 países se comprometeram ontem a doar US$ 5,3 bilhões nos próximos dois anos para a reconstrução do Haiti, superando a meta de US$ 3,9 bilhões estabelecida pela ONU na conferência de doadores para o destroçado país caribenho que a entidade co-organizou com os EUA, ontem em Nova York. O montante é equivalente a quase a metade do PIB haitiano em 2009 (estimado em US$ 11,6 bilhões).
A comunidade internacional se comprometeu ainda com a doação de outros US$ 3,7 bilhões a longo prazo, se aproximando dos US$ 11,5 bilhões que a ONU julga necessários para a reconstrução do país, devastado por um terremoto em janeiro, nos próximos dez anos.
Só a União Europeia doou US$ 1,6 bilhão; os EUA, US$ 1,15 bilhão. O Brasil, líder da missão de paz da ONU no país, prometeu US$ 172 milhões.
Na abertura da conferência, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse que o Haiti "precisa de ajuda, não pode ser bem-sucedido sem o apoio mundial". Ela afirmou que os problemas de "segurança, tráfico de drogas, instabilidade e tráfico de crianças" só pioraram com o terremoto.
Hillary enfatizou, no entanto, que dependerá do país a continuidade das doações a longo prazo, já que o Haiti poderia percorrer um caminho errado, "se a reconstrução for lenta, insuficiente ou marcada pela falta de transparência".
O presidente haitiano, René Préval, reafirmou seu compromisso com a administração correta do dinheiro, a ser feita pelo governo, e ressaltou que a sua maior preocupação será a educação, "a única coisa que dá significado a todo o resto".

Brasil
Representado pelo chanceler Celso Amorim, o Brasil, 1 dos 5 copresidentes da conferência, anunciou a doação de US$ 172 milhões, direcionados a saúde, infraestrutura e apoio orçamentário ao governo do Haiti, "o que vai permitir a ele assumir um pouco as rédeas".
Em conversa com a Folha, Amorim admitiu que a falta de uma doação direta ao governo haitiano foi um erro que o Brasil cometeu durante o apoio emergencial pós-desastre. Era uma "frustração" do governo do Haiti -nas palavras do ministro- o fato de a maior parte das doações emergenciais feitas por diversos países ter sido direcionada a ONGs.
"O Brasil não tinha experiência de fazer esse tipo de aporte. Mas, agora, como é um fundo único, com controle do Banco Mundial, os aspectos de transparência ficam atendidos."
Sobre o fato de o Brasil, não ser o líder da reconstrução, o ministro, que chegou a defender um "plano Lula" para reerguer o país, afirmou que a conferência surgiu de "um convite norte-americano". "Ninguém tem dúvida sobre a posição de destaque que o Brasil tem tido. Mas nós não queremos glória, queremos ajudar o Haiti", disse. (CRISTINA FIBE)


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