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Doações ao Haiti superam meta em reunião
Conferência de doadores em Nova York arrecada US$ 5,3 bi nos próximos dois anos e outros US$ 3,7 bi ao longo prazo
Brasil doa US$ 172 milhões; ONU estima custo total
da reconstrução do país caribenho em US$ 11,5 bi nos próximos dez anos
Chip East/Reuters
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Chanceler Celso Amorim discursa, sob olhares da americana Hillary Clinton, na conferência de doadores ao Haiti, em Nova York
DE NOVA YORK
Cerca de 120 países se comprometeram ontem a doar US$
5,3 bilhões nos próximos dois
anos para a reconstrução do
Haiti, superando a meta de US$
3,9 bilhões estabelecida pela
ONU na conferência de doadores para o destroçado país caribenho que a entidade co-organizou com os EUA, ontem em
Nova York. O montante é equivalente a quase a metade do
PIB haitiano em 2009 (estimado em US$ 11,6 bilhões).
A comunidade internacional
se comprometeu ainda com a
doação de outros US$ 3,7 bilhões a longo prazo, se aproximando dos US$ 11,5 bilhões que
a ONU julga necessários para a
reconstrução do país, devastado por um terremoto em janeiro, nos próximos dez anos.
Só a União Europeia doou
US$ 1,6 bilhão; os EUA, US$
1,15 bilhão. O Brasil, líder da
missão de paz da ONU no país,
prometeu US$ 172 milhões.
Na abertura da conferência, a
secretária de Estado dos EUA,
Hillary Clinton, disse que o
Haiti "precisa de ajuda, não pode ser bem-sucedido sem o
apoio mundial". Ela afirmou
que os problemas de "segurança, tráfico de drogas, instabilidade e tráfico de crianças" só
pioraram com o terremoto.
Hillary enfatizou, no entanto, que dependerá do país a
continuidade das doações a
longo prazo, já que o Haiti poderia percorrer um caminho
errado, "se a reconstrução for
lenta, insuficiente ou marcada
pela falta de transparência".
O presidente haitiano, René
Préval, reafirmou seu compromisso com a administração
correta do dinheiro, a ser feita
pelo governo, e ressaltou que a
sua maior preocupação será a
educação, "a única coisa que dá
significado a todo o resto".
Brasil
Representado pelo chanceler
Celso Amorim, o Brasil, 1 dos 5
copresidentes da conferência,
anunciou a doação de US$ 172
milhões, direcionados a saúde,
infraestrutura e apoio orçamentário ao governo do Haiti,
"o que vai permitir a ele assumir um pouco as rédeas".
Em conversa com a Folha,
Amorim admitiu que a falta de
uma doação direta ao governo
haitiano foi um erro que o Brasil cometeu durante o apoio
emergencial pós-desastre. Era
uma "frustração" do governo
do Haiti -nas palavras do ministro- o fato de a maior parte
das doações emergenciais feitas por diversos países ter sido
direcionada a ONGs.
"O Brasil não tinha experiência de fazer esse tipo de aporte.
Mas, agora, como é um fundo
único, com controle do Banco
Mundial, os aspectos de transparência ficam atendidos."
Sobre o fato de o Brasil, não
ser o líder da reconstrução, o
ministro, que chegou a defender um "plano Lula" para reerguer o país, afirmou que a conferência surgiu de "um convite
norte-americano". "Ninguém
tem dúvida sobre a posição de
destaque que o Brasil tem tido.
Mas nós não queremos glória,
queremos ajudar o Haiti", disse.
(CRISTINA FIBE)
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