São Paulo, segunda-feira, 01 de maio de 2006

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"EIXO DO MAL"

Rice diz que Washington e seus aliados esperam rapidez do Conselho de Segurança; Teerã mantém tom desafiador

EUA já falam em ignorar ONU sobre Irã

DA REDAÇÃO

A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, advertiu ontem que pode atuar fora do Conselho de Segurança da ONU para pressionar o Irã a interromper seu programa nuclear.
Rice disse que ainda há uma série de passos diplomáticos a serem tomados pelos EUA no Conselho de Segurança. Mas, se o conselho não for veloz, Washington e seus aliados não irão esperar.
"Eu acredito absolutamente que temos algumas flechas diplomáticas em nossa aljava no Conselho de Segurança e também países alinhados que são capazes de buscar medidas adicionais se o Conselho de Segurança não se mover rápido o bastante", disse Rice à TV americana CBS.
Rice acusou o Irã de "fazer jogo" com a comunidade internacional, dizendo que Teerã teve muito tempo para cumprir as exigências anteriores e interromper seu programa nuclear.
O governo dos EUA alega que o Irã está trabalhando para desenvolver armas nucleares, mas Teerã diz que seu programa é puramente voltado às suas necessidades energéticas civis.
Os EUA, o Reino Unido e a França querem conseguir a aprovação de uma nova resolução no Conselho de Segurança que exija que o Irã abandone o enriquecimento de urânio. A expectativa é que o texto da resolução seja discutido já nesta semana.
A Agência Internacional de Energia Atômica relatou, na semana passada, que Teerã desafiou um ultimato do Conselho de Segurança nesse sentido.

Desafio
A nova resolução invocaria o Capítulo 7 da Carta da ONU, que torna o seu cumprimento obrigatório, sob pena de receber sanções. De qualquer modo, os EUA ainda precisam superar a ameaça de veto de Rússia e China para aprovar tal resolução.
Ontem, o Irã voltou a se colocar de modo desafiador, prometendo ignorar qualquer resolução e contra-atacar se for alvo de uma ação militar. "O Irã não vai implementar nenhuma resolução forçada", disse Ali Larijani, o negociador-chefe do programa nuclear iraniano. "O plano iraniano é pesquisar e desenvolver todo o ciclo nuclear", acrescentou Larijani, sublinhando a determinação do Irã de continuar a produzir combustível nuclear em desrespeito aos pedidos da ONU para que pare.
Mais cedo, o porta-voz da Chancelaria iraniana, Hamid Reza Asefi, sugerira que havia espaço para considerar a proposta de mover o trabalho de enriquecimento de urânio para a Rússia.
Também ontem, o vice-ministro do Petróleo iraniano, M.H. Nejad Hosseinian, disse que a ONU não vai impor sanções ao Irã porque isso causaria uma alta no preço do petróleo.
No Paquistão, o chanceler Kursheed Kasuri, disse que qualquer ação militar contra o Irã seria um revés para os muçulmanos moderados. "O ataque ao Irã seria considerado um ataque a outro país muçulmano, o que não seria do interesse da paz internacional e do mundo ocidental", afirmou.


Com agências internacionais


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