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São Paulo, domingo, 01 de junho de 2003

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QUEM É

Do heroísmo ao isolamento, Fidel vai se esvaecendo

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cabem três imagens de Fidel Castro Ruz em uma biografia.
A primeira delas é quase unânime: jovem advogado em Havana, envolveu-se em política e liderou, entre 1956 e 1959, o único movimento vitorioso de guerrilha na América Latina. Depôs com 800 combatentes a ditadura de Fulgêncio Baptista, então apoiada pelos EUA e por um Exército de 30 mil homens.
Fidel é um dos sete filhos do fazendeiro de médio porte Angel Castro. Nasceu em Mayarí a 13 de agosto de 1926 -ou 1927, há dúvidas quanto ao ano.
Ao tomar o poder, emergiu sua segunda imagem, com o fuzilamento de cubanos comprometidos com o regime anterior e uma reforma agrária que desapropriou investimentos americanos. Convertido ao socialismo, estatizou a economia e reprimiu a oposição por meio do monolitismo de um partido único. Caiu na esfera da União Soviética.
A partir de 1961, consumada a ruptura com os EUA, Cuba se tornou peça-chave da Guerra Fria. Fidel financiou movimentos de guerrilha no continente e foi visto como herói por uma parcela importante da esquerda na Europa e América Latina.
A terceira imagem surgiu no final dos anos 80. Fidel se tornou um governante isolado com o colapso dos regimes comunistas na Europa Oriental. Seus partidários estrangeiros abriram mão das fórmulas leninistas pela justiça social e os direitos humanos.
O modelo cubano de Estado conseguira avanços invejáveis nas áreas da educação e da saúde. Mas com a crise Fidel foi obrigado a fazer concessões a investidores estrangeiros e a aceitar o retorno parcial da propriedade privada.
Em termos políticos, continua a ser corroído pela própria lógica liberticida que ajudou a criar. Sem seus antigos admiradores externos, reprimindo cada vez mais uma oposição que aposta na não-sobrevivência da ditadura após a morte do velho ditador, o regime cubano, com o qual Fidel se confunde, torna-se mais violento como prova de fraqueza.


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