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SUCESSÃO NOS EUA / PARTIDO DEMOCRATA
Votos de Flórida e Michigan valem metade, decide comitê
Primárias ocorreram antes de data permitida pelo partido; Hillary ameaça recorrer
Ontem, Obama decidiu se desligar de igreja de qual era fiel há 20 anos após mais uma polêmica envolvendo discurso de um religioso
DE WASHINGTON
Depois de nove horas de discussão e em meio a gritos de
apoiadores de Hillary Clinton,
o Comitê de Regras e Estatutos
do Partido Democrata decidiu
que os delegados da Flórida e
de Michigan irão à convenção
do partido, mas terão direito a
apenas meio voto cada. Assim,
segundo cálculos da CNN, Barack Obama contaria com
2.050 delegados e superdelegados, ante 1.877 da senadora.
O novo número mínimo para
garantir a indicação do partido
passa a ser 2.118, o que deixa o
senador a 68 delegados da meta. Nas três prévias que faltam,
Porto Rico (hoje), Dakota do
Sul e Montana (terça-feira), estão em jogo 86 delegados. Além
disso, há 190 superdelegados
(membros do partido que votam livremente) que ainda não
decidiram o voto. A maioria dos
que decidiram nos últimos dias
tem privilegiado Obama.
Flórida e Michigan haviam
tido as prévias anuladas após
anteciparem a votação sem autorização do partido, em janeiro. Hillary e Obama não fizeram campanha, e o senador não
constava da cédula em Michigan. Ainda assim, 2,3 milhões
foram às urnas, dando vitória à
senadora, que defendia a validação do voto popular e dos delegados para justificar sua permanência na corrida eleitoral.
Hillary queria os delegados
com o peso original. Com a decisão do comitê, sua campanha
ameaçou levar o caso a outra
instância do partido, que se
reúne no final do mês, o que
prolongaria a indecisão sobre
quem será o candidato democrata na eleição em novembro.
A decisão foi recebida sob o
coro de "Denver! Denver!",
uma sugestão de que a luta pode continuar até a convenção
do partido, em agosto, naquela
cidade do Colorado. Era entoado por centenas de apoiadores
de Hillary, que tomaram tanto
o salão do hotel Marriott Wardman Park, palco da reunião,
quanto arredores. Ali, mesmo
sob a breve chuva vespertina, se
reunia uma multidão formada
principalmente por mulheres
brancas de meia-idade.
Um delas traduzia em cartaz
o espírito do eleitorado: "Conte
meu voto ou não conte comigo". Em pesquisa nacional, um
quarto dos eleitores de Hillary
diz que não votará em Obama
em novembro caso sua candidata não seja a escolhida do
partido. No comando dos protestos ruidosos, mas pacíficos,
estavam organizações feministas como a NOW (National Organization of Women).
Igreja abandonada
Ontem ainda, Barack Obama
se desligou da Igreja da Trindade, de Chicago, que freqüentou
por 20 anos, na qual foi batizado, batizou as duas filhas e celebrou seu casamento. No começo da noite, o senador se reuniu
com jornalistas para explicar a
decisão que, afirmou, "foi tomada com tristeza".
Segundo Obama, ficou claro
que, "como candidato presidencial, terá imputados a ele
quaisquer comentários" feitos
no púlpito, "ainda que contradigam suas visões e valores".
A gota d'água, segundo o jornalista Roland Martin, comentarista político-religioso da
CNN, teria sido novo sermão
polêmico feito no púlpito da
igreja, que vazou na internet na
semana passada. Nele, o padre
católico Michael Pfleger ironiza Hillary Clinton, ao fingir que
era a senadora chorando e dizer
que "um homem negro estava
roubando o seu show".
O religioso branco, que já elogiou o líder radical negro Louis
Farrakhan e foi preso algumas
vezes, depois se desculpou e foi
criticado por Obama, que disse
que seus comentários "não refletiam o país" que ele via.
Com medo de que o caso
crescesse e causasse o mesmo
dano à imagem de Obama que
os discursos polêmicos de seu
ex-pastor na Trindade, Jeremiah Wright, causaram quando surgiram na rede, em março,
ele decidiu se desligar completamente da igreja de Illinois,
conhecida por defender a teologia da libertação negra.
Fundador da atual versão da
Trindade, o hoje aposentado
Wright foi o mentor religioso e
um dos conselheiros políticos
de Obama por duas décadas.
Polêmico, acusou o governo
dos EUA de promover terrorismo e criar o vírus da Aids para
acabar com a população negra.
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