São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2010

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ENTREVISTA

Falha na TV e proposta vaga afetam Mockus

DA ENVIADA A BOGOTÁ

Para Jorge Iván Cuervo, professor de políticas públicas da Universidade Externado, de Bogotá, a "onda verde" desinflou porque Antanas Mockus foi mal na TV, expressou incerteza em um ambiente marcado pela firmeza de Álvaro Uribe.
Para ele, a campanha verde não soube ocupar o espaço gerado pelo plebiscito ético que ela mesma propôs. Ele aposta que Mockus pode ter menos votos em 20 de junho.

Folha - Por que a "onda verde" foi mais tímida do que se esperava nas urnas?
Jorge Iván Cuervo
- O entusiasmo dos jovens por Mockus não se refletiu nas urnas. Não sabemos se muitos não puderam votar porque não tinham título.
O partido confiou nisso. Ele não se vendeu bem aos estratos de menor renda. Também é verdade que, nos debates, Mockus não foi bem. Deixou a sensação de ser inseguro.
Nos oito anos do presidente Uribe, independentemente do conteúdo, ele sempre usou um discurso muito claro, simples e firme. Então, a sociedade estaria disposta a apostar em uma alternativa, desde que o discurso se mantivesse nesses parâmetros. O discurso de Mockus não é claro, simples ou firme.

Como o sr. avalia o movimento?
A "onda verde" criou uma espécie de plebiscito ético em volta de Mockus. Isso abriu uma oportunidade para que esse clamor ético se manifestasse. Mas o erro foi que o partido não soube ocupar bem essa indignação ética.

Por que tanto apelo com os jovens?
Os jovens, hoje, não se movem nos cenários de esquerda e direita. São mais pragmáticos. E se acomodavam com Mockus por isso, porque, com as Farc e com Chávez ao lado todo o tempo, não há espaço para esquerda.
Algumas coisas do discurso de Mockus atraíam os jovens: educação, pluralismo. Não são filhos do Che, mas de Bill Gates.

O que esperar do segundo turno?
Reverter o resultado de anteontem é muito difícil. Santos pode até ganhar mais votos, e Mockus pode ainda encolher mais.


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