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Premiê do Hamas diz que Israel tenta derrubar governo
Haniyeh afirma que soldado seqüestrado só será solto com o fim da ofensiva israelense, que foi condenada pela ONU
Embora em escala menor, Exército mantém pressão,
atinge 30 alvos em 24 horas em Gaza e mata 2 palestinos
em operação na Cisjordânia
Oleg Popov/Reuters
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Palestinas choram durante o enterro de um terrorista do grupo Jihad Islâmico morto em Gaza |
DA REDAÇÃO
O premiê palestino, Ismail
Haniyeh, que pertence ao grupo terrorista Hamas, pediu o
fim da ofensiva na faixa de Gaza
e disse que a ação militar de Israel é uma tentativa de derrubar o seu governo.
Dirigindo-se aos palestinos
pela primeira vez desde o início
da operação desencadeada
após o seqüestro de um soldado
israelense, Haniyeh discursou
em uma mesquita na Cidade de
Gaza e declarou que o Hamas
não será pressionado por ataques ou pela detenção de seus
integrantes -64 pessoas ligadas ao grupo, inclusive ministros e parlamentares, foram
presas por Israel entre a última
quarta e a quinta-feira.
"Quando eles seqüestraram
os ministros eles quiseram seqüestrar o lugar do governo,
mas nós dizemos que nenhuma
posição será seqüestrada, nenhum governo vai cair."
O primeiro-ministro ainda
disse que a devolução do soldado Gilad Shalit, 19, estava condicionada ao fim da ofensiva.
Em uma iniciativa que pode
atrapalhar os esforços de mediação, facções palestinas pediram em um comunicado que
Israel liberte 1.000 prisioneiros
"palestinos, árabes e muçulmanos" e ponha fim à operação,
em troca da soltura de Shalit.
Já as Brigadas de Mártires de
Al Aqsa -o braço armado do
Fatah, partido de Abbas-
anunciaram ter seqüestrado
um segundo soldado israelense, identificado como Hoffmann Kfeir Samuel, 23, a quem
ameaçam matar caso a ofensiva
não seja interrompida, segundo
a agência France Presse.
O Exército israelense diminuiu ontem a intensidade de
seus ataques, mas em 24 horas
atingiu mais de 30 alvos. Um
míssil explodiu próximo a um
carro e feriu membros do grupo
terrorista Jihad Islâmico.
De acordo com o Exército de
Israel, dois militantes palestinos foram mortos e outros dois
foram presos durante uma operação em Nablus (Cisjordânia).
Na noite anterior, os escritórios do Ministério do Interior e
do Fatah, partido do presidente
palestino, Mahmoud Abbas,
haviam sido destruídos por ataques aéreos. A casa de Abbas e o
gabinete de Haniyeh estão a
menos de 1 km do ministério.
Israel também revogou os direitos de residência em Jerusalém de quatro integrantes de
alto escalão do Hamas. Entre a
cúpula do braço político da organização, incluindo Haniyeh,
havia o temor de que seus
membros pudessem ser mortos ou detidos por Israel.
O Conselho de Segurança da
ONU fez uma reunião de emergência para discutir a situação
no Oriente Médio e anunciou
uma resolução que condena a
ofensiva israelense e pede sua
interrupção imediata.
A ONU declarou que a destruição da central elétrica na
faixa de Gaza deixou a região à
beira de uma crise humanitária
-a maioria da população de 1,4
milhão de pessoas estava sem
luz. A Cruz Vermelha disse que
estava em negociações com Israel para liberar o envio de suprimentos para a população.
Sem sinais
Desde o desaparecimento de
Shalit no último domingo, não
surgiram informações exatas
sobre seu paradeiro ou estado.
Os Comitês de Resistência Popular -um dos grupos radicais
envolvidos no seqüestro- divulgaram anteontem uma nota
em que novamente condicionam a libertação do soldado à
soltura de palestinos detidos
em Israel, mas sem informar
sobre Shalit.
Uma pesquisa feita entre a
população israelense e divulgada pelo jornal "Yedioth Ahronoth" aponta que 53% é a favor
de uma solução negociada para
o seqüestro, e 43% declarou
apoio à ofensiva militar. Sobre
a libertação de presos palestinos em troca da libertação de
Shalit, 58% disse ser favorável
contra 35% que se opõe.
Milhares de pessoas protestaram nas ruas do Egito, Jordânia, Síria, Líbano e Turquia
contra a ofensiva israelense. No
Cairo os manifestantes pediram "jihad" (guerra santa) contra o Estado judeu.
O governo do país, que está
ajudando nas negociações com
as autoridades palestinas para
a libertação do soldado israelense, pediu calma à população.
"Líderes dos países árabes, comecem a guerra santa. Alá é o
maior", clamava o líder religioso de uma das principais mesquitas da capital egípcia.
Os protestos se repetiram em
Istambul, onde milhares de
pessoas participaram de manifestações em que bandeiras de
Israel foram queimadas, sob
gritos de apoio ao Hamas.
Usando um megafone, um dos
líderes do protesto alertava Israel de que corria o risco de voltar os 70 milhões de muçulmanos da Turquia contra si.
"Se Deus quiser, toda a Turquia mostrará nos próximos
dias que apóia a Palestina", gritava, ouvindo da multidão:
"Insh'Allah (se Deus quiser)!".
Com agências internacionais
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