São Paulo, quarta-feira, 01 de julho de 2009

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Campo terá bancada com 13 membros no Congresso argentino

Ruralistas, protagonistas de briga tributária com casal Kirchner, venceram em bastiões peronistas

THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES

Protagonistas do conflito tributário que contribuiu para a derrota do governo Cristina Kirchner nas eleições legislativas de domingo na Argentina, os produtores rurais agora terão uma bancada própria no Congresso do país.
Ao transferirem às urnas a disputa pela baixa de impostos e por liberação de exportações, os ruralistas elegeram 12 deputados federais e uma senadora, em 9 das 23 Províncias e por diferentes forças de oposição.
"O 28 de junho [dia da eleição] será o grande ato do campo em 2009", afirmava antes do pleito o presidente da Sociedade Rural Argentina, Hugo Biolcati. No último verão, a maior seca dos últimos 50 anos no país reavivou a já histórica briga do setor com o governo.
Agora os agrodeputados buscarão o controle da Comissão de Agricultura da Câmara, de onde esperam impor a agenda do setor, que inclui fim de controle de preços e incentivos à produção de carne, leite e trigo, em retrocesso na Argentina.
"Não venceram apenas candidatos ligados a entidades do campo, mas outros que apoiam nossas propostas", afirmou à Folha Néstor Roullet, vice-presidente da CRA (Confederações Rurais Argentinas).
Os líderes das quatro principais entidades ruralistas não se lançaram à disputa, mas três vice-presidentes foram eleitos. Incluindo postulantes a cargos provinciais e municipais, houve cerca de 300 "agrocandidatos" pelo país -o setor ainda faz o balanço dos eleitos.
Ao comentar a eleição anteontem, Cristina manteve o discurso duro em relação ao setor e disse que os candidatos ruralistas haviam perdido em todas as Províncias. Omitiu, contudo, o resultado de Entre Rios (3,2% dos votos nacionais), onde venceu a lista encabeçada pelo empresário da soja Atilio Benedetti.
O voto legislativo na Argentina é feito em listas de partidos -quanto mais votos, mais candidatos entram. O ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), por exemplo, foi eleito deputado mesmo com o seu partido perdendo as eleições. Dessa maneira, o campo emplacou candidatos em bastiões peronistas como Formosa e Chaco, no norte do país.


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