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Só 2.000 vão em Paris a ato contra limitação de greves
Projeto no Parlamento prevê serviço mínimo em caso de paralisação no transporte
Comparecimento irrisório a
manifestação sindical não
leva a CGT, pró-comunista, a
desistir do plano de anular
a futura lei por via judicial
DA REDAÇÃO
Apenas 2.000 pessoas
-4.000, segundo os organizadores- compareceram ontem
a uma manifestação diante da
Assembléia Nacional francesa,
em protesto contra o projeto do
governo, em tramitação durante a sessão extraordinária de
verão, que obriga a manutenção de um serviço mínimo pelos grevistas do setor público.
A medida, que constava do
conjunto de promessas de Nicolas Sarkozy, eleito presidente
em maio último, coincide, em
suas linhas gerais, com projeto
semelhante em discussão no
Brasil, por iniciativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O baixo comparecimento à
manifestação parisiense é atribuído, de um lado, à impossibilidade de arregimentar multidões na França durante as férias de verão. De outro lado, no
entanto, analistas acreditam
que os franceses, mesmo os sindicalizados, não chegam a discordar do projeto, que visa sobretudo coibir as paralisações
no metrô e ferrovias.
Há ainda a possibilidade de a
população não ter associado a
medida à "repressão ao direito
de greve", conforme diz o Partido Comunista Francês.
A idéia de serviço mínimo
também vale para a rede escolar. Ela não diz respeito ao sistema de saúde, onde inexiste
uma cultura de greve que possa
prejudicar os franceses com
consultas ou exames marcados.
Com relação ao transporte
público, do qual dependem os
assalariados que se deslocam
nos grandes centros urbanos
-o automóvel é utilizado por
uma pequena minoria-, o projeto prevê que a notificação de
greve deva ser anunciada com
antecedência de no mínimo 48
horas, e que a decisão de paralisar seja tomada em assembléias, pelo voto secreto.
As greves decididas pela direção sindical em resposta a incidentes isolados, como a agressão de fiscais no transporte ferroviário, seriam proibidas.
Central quer recorrer
A CGT, central sindical ligada aos comunistas, diz que, se a
antecedência de 48 horas for
aprovada, seus representantes
imediatamente entrarão com
recurso no Conselho Constitucional, Corte que analisa a
constitucionalidade das leis.
"É uma medida de intimidação inaceitável", afirmou o líder da central, Bernard Thibault. Ele disse que a situação
poderá se aquecer, caso o governo se torne truculento nas
negociações salariais do setor
público, a partir de setembro.
O governo poderá enfrentar
protestos de verdade caso pretenda expandir as novas regras
para outros setores do serviço
público. "Não há nisso nenhum
tabu", disse o ministro do Trabalho, Xavier Bertrand.
Com uma confortável maioria parlamentar, não há a possibilidade de o projeto oficial ser
derrotado pela oposição de socialistas e comunistas.
Ainda ontem, ao final de um
seminário com seus subordinados, o primeiro-ministro François Fillon anunciou que
22.700 funcionários públicos
que se aposentarão em 2008
não serão substituídos. A economia com as não-contratações será compensada por um
aumento da dotação de alguns
ministérios, como o da Justiça.
Com agências internacionais
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