São Paulo, segunda-feira, 01 de agosto de 2011

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ANÁLISE

Presidente evita o pior, mas põe em risco a reeleição no ano que vem

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO

Com o acordo de ontem, tudo indica que o presidente Barack Obama irá evitar o "Armageddon" de um calote. Mas isso pode lhe custar a reeleição em 2012.
Com as concessões que fez, Obama se arrisca a hostilizar a esquerda, parcela essencial do eleitorado. A percepção é de que ele se rendeu a todas as exigências.
O acordo não prevê aumento de impostos ou fim de isenções fiscais para contribuintes ricos, reivindicações dos democratas.
Além disso, ficou claro que parte dos cortes de gastos virá de programas como o Medicare, de assistência médica a idosos, anátema para os democratas mais à esquerda.
Os grupos progressistas de esquerda passaram o domingo protestando na mídia e nas redes sociais.
"É muito preocupante, parece que os democratas estão dispostos a ceder às exigências republicanas e tornar esse plano desastroso ainda pior", disse Justin Ruben, diretor do grupo MoveOn.org.
"Exigimos que a Casa Branca continue buscando um acordo que proteja Medicare, Previdência e obrigue milionários a pagar sua parte."
O deputado democrata Emanuel Cleaver comparou o acordo a "um sanduíche do Satã coberto de açúcar".
Pelas linhas do acordo, um comite bipartidário deve decidir até o fim de novembro, de onde virão US$ 2 trilhões em cortes adicionais.
Caso não chegue a um consenso, um mecanismo de gatilho promoveria cortes automáticos em Defesa e no Medicare. Esses potenciais cortes no Orçamento militar, na realidade, são a única concessão dos republicanos.
O líder da Câmara, o republicano John Boehner, apresentou o plano como vitória. "É tudo corte de gastos, bloqueamos a tentativa da Casa Branca de elevar impostos".
Já a líder democrata na Câmara, Nancy Pelosi, avisou que não sabe se vai conseguir apoio de sua bancada.
A ala mais à esquerda do eleitorado é essencial para energizar os eleitores democratas. Mas com a economia em marcha lenta e o desemprego acima de 9%, está cada vez mais decepcionada.
Como o voto não é obrigatório, esses eleitores podem resolver simplesmente não sair de casa no dia da eleição.


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