São Paulo, segunda-feira, 01 de agosto de 2011

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Repressão síria mata 140, dizem ativistas

Forças de segurança do ditador Assad avançam sobre opositores num dos piores dias desde início de protestos

Obama se diz "chocado" com a ação de tanques do regime sírio; países europeus também condenam repressão

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Num dos dias mais sangrentos desde o início da revolta contra o regime sírio, em março, ao menos 140 pessoas foram mortas ontem por forças de segurança do governo em várias partes do país, segundo ativistas de direitos humanos.
O principal foco da repressão foi a cidade de Hama (centro), onde tanques do Exército montaram um cerco contra os oposicionistas e abriram fogo, deixando dezenas de mortos e feridos.
"Cem civis foram mortos a tiros em Hama por forças de segurança que acompanharam o ataque à cidade", disse o chefe da Liga de Defesa dos Direitos Humanos da Síria, Abdel Karim Rihawi.
Quarta maior cidade do país, Hama tornou-se recentemente um dos principais bastiões de resistência ao regime do ditador Bashar Assad, com barricadas montadas para deter a entrada do Exército.
A ofensiva contrariou expectativa de que o governo evitaria retomar Hama, dado o histórico da cidade.
Em 1982, sob as ordens de Hafez Assad, pai de Bashar, as forças de segurança mataram entre 10 e 20 mil pessoas para sufocar um levante islâmico, num dos maiores massacres no Oriente Médio.
O cerco a Hama parece ter sido uma advertência do regime Assad de que não irá tolerar protestos durante o Ramadã, o mês sagrado do islamismo, que tem início hoje.
Grupos oposicionistas como o "Revolução Síria 2011", que tem sido um dos motores da revolta na internet, convocaram protestos a partir de hoje, após as preces que seguem o jejum do Ramadã.
Incapaz de conter as manifestações, apesar da brutal repressão e das promessas de reforma, Assad está sob crescente pressão internacional, que deve aumentar com a ação de ontem em Hama.
O presidente dos EUA, Barack Obama, se disse "chocado" com a violência e prometeu acelerar os esforços para isolar o regime sírio.
"Mais uma vez o presidente Assad mostrou que está completamente incapaz e sem vontade de responder às demandas legítimas do povo sírio", disse o presidente americano em comunicado.
Alemanha, Itália, França e Reino Unido também condenaram a repressão, assim como a Turquia, até pouco tempo um dos principais aliados de Damasco na região.
França, Reino Unido e EUA têm tentado aprovar uma resolução condenando o regime sírio no Conselho de Segurança da ONU. Até agora, porém, enfrentam a resistência de China e Rússia e de membros não permanentes, como o Brasil.
Segundo ativistas, desde o início do levante, mais de 1.500 pessoas já foram mortas pelo regime, e cerca de 3.000 estão desaparecidas.


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