São Paulo, domingo, 01 de setembro de 2002

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REUNIÃO

Chanceleres da UE exigem retomada de inspeções da ONU, mas não adotam posição conjunta sobre eventual ação militar

União Européia quer ação da ONU no Iraque

Ramzi Haldar/France Presse
Iraquianos compram livros, em Bagdá (capital), para as aulas que se iniciam nesta semana no país


DA REDAÇÃO

O Iraque deve aceitar a retomada de inspeções da ONU em seu território "imediatamente", afirmaram ontem os ministros das Relações Exteriores da União Européia que se reuniram em Elsinor (Dinamarca).
"O regime iraquiano deve permitir a entrada dos inspetores da ONU e deve fazer isso imediatamente com o objetivo de determinar com certeza se tem ou não armas de destruição em massa", declarou, em nome de seus colegas europeus, o chefe da diplomacia dinamarquesa, Per Stig Moeller, ao final do encontro.
O ministro das Relações Exteriores da Dinamarca afirmou que os 15 países que integram a União Européia "apóiam totalmente a ONU" na crise iraquiana.
Segundo Moeller, nenhum ministro defendeu que a UE envie um ultimato a Bagdá, contrariando o que divulgaram diversos jornais dinamarqueses.
Sobre uma eventual ofensiva militar contra o ditador do Iraque, Saddam Hussein, a UE não adotou uma posição conjunta. "Ninguém propôs uma guerra. Não há razão para que nós nos pronunciemos sobre uma guerra que é hipotética", disse Moeller.
Alguns ministros europeus, especialmente o alemão Joschka Fischer, disseram ontem que se opõem a uma operação militar para derrubar Saddam.
O chanceler do Iraque, Naji Sabri, pediu recentemente que a UE desempenhe um papel maior na tentativa de resolver as disputas com os EUA e de pôr fim ao embargo imposto após a invasão do Kuait, em 1990.
Na última quinta-feira, o vice-presidente iraquiano, Taha Yassin Ramadan, descartou a possibilidade de que os especialistas em desarmamento retornem ao país. "De que serviria um gesto de boa vontade deixando retornar os espiões [os inspetores" se o governo dos Estados Unidos proclama dia e noite que não é esse o problema?", disse.
Na semana passada, o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, disse que o retorno dos inspetores não seria suficiente e defendeu a remoção de Saddam.
"A recusa do Iraque em cumprir as obrigações internacionais é inaceitável. Ele não respeita as decisões das Nações Unidas", afirmou Moeller. "Encorajamos os EUA a manter as amplas consultas sobre a questão do Iraque."

Opinião norte-americana
Pesquisa realizada pela revista Time e pela rede de TV CNN indicou anteontem que uma ação militar contra o Iraque contaria com o apoio de 51% da população dos EUA e com a oposição de 40% dos norte-americanos. Um mês atrás, uma pesquisa semelhante havia indicado que o apoio era de 70% e a oposição, de 22%.
Segundo outra pesquisa, realizada pela revista Newsweek, 62% dos norte-americanos apóiam o presidente George W. Bush em um ataque contra o Iraque.
A maioria dos entrevistados disse que seria fundamental que, antes de qualquer decisão, os EUA obtivessem o apoio dos europeus e dos árabes.

Com agências internacionais


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