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IRAQUE SOB TUTELA
Grupo islâmico divulga vídeo com degola e fuzilamento de nepaleses; franceses continuam sob ameaça
Terroristas anunciam a morte de 12 reféns
DA REDAÇÃO
O Exército Ansar al Sunna
anunciou ontem que os 12 nepaleses que haviam sido seqüestrados
no dia 19 no Iraque foram mortos.
O grupo terrorista divulgou vídeo
e fotos dos assassinatos na internet. O Nepal pediu à comunidade
internacional que tomasse ações
contra os responsáveis pelo "ato
selvagem de terrorismo".
O vídeo mostra dois homens
mascarados segurando um dos
reféns. Com uma faca, um dos seqüestradores corta a cabeça do cativo e depois a coloca sobre o corpo. Em seguida, as imagens exibem os demais sendo mortos com
tiros na nuca.
Caso se confirme a autenticidade das gravações, será o maior número de seqüestrados mortos de
uma só vez no país. Neste ano, insurgentes já fizeram mais de cem
seqüestros de estrangeiros. Cerca
de uma dezena de reféns já foi
morta no Iraque, e ainda há 20
mantidos em cativeiros.
O ministro das Relações Exteriores do Nepal, que não participa
da coalizão liderada pelos EUA e
que proibiu seus cidadãos de trabalhar no Iraque, disse que os seqüestradores não fizeram exigências. "Matar civis inocentes sem
pedir qualquer condição para sua
libertação vai contra os mínimos
comportamentos da civilização
humana", afirmou o chanceler
Ram Sharan Mahat.
A exemplo de milhares de turcos, indianos, filipinos e jordanianos, os nepaleses foram para o
Iraque trabalhar como motoristas, cozinheiros, faxineiros, seguranças e em outras funções de
apoio às forças da coalizão.
Estima-se que existam 17 mil
nepaleses nessas condições. Os 12
que foram mortos trabalhavam
para uma empresa prestadora de
serviços da Jordânia.
"Que pecados cometi para merecer isso?", disse Jit Bahadur
Khadka, pai de um dos seqüestrados, Ramesh, 19. "Ele foi para a
Jordânia dizendo que mandaria
dinheiro em três meses e que voltaria em dois anos. Agora tenho
de ouvir isso." Ramesh foi atraído
para ir ao Iraque com um salário
de cerca de R$ 1.600 -seis vezes o
que ganhava trabalhando em um
restaurante.
Na capital, Katmandu, cerca de
50 pessoas fizeram um protesto,
acusando o governo de não ter
agido adequadamente. "O governo deveria ter mandado negociadores para conseguir a libertação", disse um dos manifestantes.
O embaixador nepalês em Qatar, Shyamananda Suman, responsável pelos interesses do país
na região, afirmou que o governo
tentou negociar. "Não houve maneira de fazermos contato. Falei
com a imprensa e apelei aos seqüestradores que os libertassem
ou pelo menos fizessem suas exigências. Mas tudo foi em vão."
O chanceler Mahat afirmou que
o Nepal processará os empregadores dos reféns. "O governo vai
ajudar as famílias e tomará ações
contra as pessoas que os mandaram ilegalmente para trabalhar
naquela região perigosa."
Jornalistas franceses
O Conselho Francês da Fé Islâmica pode mandar hoje para Bagdá uma delegação de quatro
membros para tentar negociar a
libertação dos jornalistas franceses Christian Chesnot e Georges
Malbrunot.
Segundo um representante da
Liga Árabe, a extensão no prazo
dado pelos seqüestradores do
Exército Islâmico no Iraque para
que o governo francês cancelasse
a proibição do uso de véus por
muçulmanas nas escolas públicas
foi de 48 horas -e não 24 horas,
como inicialmente informado.
Desse modo, o prazo do ultimato
expira na tarde de hoje.
O cessar-fogo entre os rebeldes
leais ao clérigo xiita Moqtada al
Sadr e as forças iraquianas parece
estar funcionando. Ontem, a polícia circulou sem incidentes pelo
bairro Sadr City, em Bagdá. O
premiê interino, Iyad Allawi,
anunciou aos líderes do bairro
que o governo investirá US$ 115
milhões no local em projetos para
melhorar as redes de saneamento,
água e luz.
Na zona sul de Bagdá e em Mossul (sul do país), insurgentes atacaram policiais e tropas americanas. Um policial iraquiano morreu no incidente de Bagdá.
Com agências internacionais
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