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Entre ativismo e repressão, turista enfrenta périplo
Taxas, excessos de vistos e dificuldade em hospedar-se dificultam a vida de quem quer conhecer a região, mas não inibem manifestantes
Agências se queixam de imposições de Pequim, que quer menos atenção na região
Caio Vilela/Folha Imagem
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Palácio de Potala (Lhasa); com a aproximação dos Jogos Olímpicos de Pequim, governo chinês busca tirar foco público do Tibete
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LHASA
Hoje, além da permissão necessária para entrar no Tibete,
é preciso um segundo documento, emitido em Lhasa, para
visitar zonas rurais e fronteiriças, seguindo regras que mudam constantemente sem aviso prévio. Ainda assim, algumas
áreas estão fechadas à visitação. A principal delas fica próxima à fronteira com a região
de Ladakh, no norte da Índia. A
área, altamente militarizada,
guarda uma linha de fronteira
até hoje não claramente definida. Também passaram por ali
várias rotas de fuga de refugiados tibetanos para a Índia.
Para o australiano Chris Jones, operador de turismo de
aventura que há 11 anos organiza expedições de rafting e cavalgada no Tibete, os protestos,
"apesar das melhores intenções", dificultam a vida dos turistas e agentes de viagens.
Hoje o campo-base do Everest, um dos pontos turísticos
mais cobiçados pelo estrangeiros, só pode receber grupos fechados, agendados previamente, ou formados de improviso
por viajantes independentes
nas ruas e cafés de Lhasa.
Os que chegam ao sopé da
montanha mais alta do mundo
carregam uma historia em comum: perderam horas atravessando a burocracia e gastaram
pelo menos US$ 165 dólares em
papéis: US$ 55 pela permissão
do governo para visitar a base
da montanha, US$ 15 de ingresso, US$ 40 por carro pelo uso da
estrada e outros US$ 55 dólares
cobrados de todos que chegam
ao Tibete, além, claro, da taxa
pelo visto de turismo chinês.
Chegando lá, os visitantes
enfrentam desconfortos com o
frio e a altitude (Lhasa está a
3.500 m e o campo base do Everest fica 5.200 m acima do nível
do mar), estradas precárias,
enormes distâncias e a pouco
variada comida local. Para visitar os monastérios, lagos de altitude e picos nevados do Himalaia, são horas de jipe e pernoites em tendas, pensões ou
nos próprios monastérios.
"O número de turistas que
querem ver o Everest de perto
pelo lado tibetano crescerá no
ano quem vem" diz Son Nam,
outro agente de turismo tibetano, afiliado ao Birô de Turismo
Tibetano. Do lado nepalês, uma
segunda alternativa de acesso,
é preciso embarcar em um vôo
doméstico e enfrentar três dias
de caminhada para chegar a
Namche Bazzar, uma vila de
onde se vê o Everest à distância.
No Tibete, veículos tracionados
nas quatro rodas chegam bem
perto da montanha.
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Esse interesse deve crescer
com a publicidade em torno da
chegada da tocha olímpica ao
topo do Everest, a 8.848 m de
altura, carregada por alpinistas
chineses em maio do ano que
vem, segundo previsão da organização dos Jogos de Pequim. O
"China Daily" estima que US$
25 milhões estejam sendo gastos para pavimentar os 108 km
que separam a montanha da famosa Estrada da Amizade, que
liga a capital tibetana à fronteira com o Nepal e leva turistas
ao lado tibetano do Everest.
Por enquanto, quem se dirige
ao Nepal e ao campo-base enfrenta uma viagem lenta. O número de postos de checagem do
Exército chinês nas estradas
aumentou no último mês, e as
paradas são freqüentes. E muita gente acredita que as dificuldades devem aumentar.
"Aparentemente, o governo
chinês está disposto a fazer de
tudo para reduzir o interesse
internacional pelo Tibete durante os Jogos Olímpicos, mas
os números mostram que a
procura pela região só tende a
crescer", afirma o monge Dorje,
do monastério de Ganden.
"Sempre haverá jovens com
camisetas de protesto e sites
como o You Tube no Ocidente.
Mas o governo chinês não os ignora, como fazem outros líderes em situações semelhantes.
Eles levam tudo muito a sério",
diz uma senhora que prefere
não se identificar, em Lhasa.
Os que percorrem a estrada
até Katmandu, capital do Nepal, que divide com Lhasa o
movimento maior do turismo
no Himalaia, assiste a um movimento contrário. Camisetas
com a bandeira do Tibete e slogans pela libertação da região
estão em todas as esquinas. Suvenir obrigatório.
(CAIO VILELA)
Ouça relato de Caio Vilela sobre o
Tibete; veja vídeos de protesto
www.folha.com.br/072421
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