São Paulo, segunda-feira, 01 de setembro de 2008

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Gustav esvazia Convenção Republicana e rouba foco da mídia

FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A ST. PAUL

Uma catástrofe natural e o medo de repetir os mesmos erros do passado levaram os republicanos a cancelar todos os discursos da convenção do partido, marcada para hoje em St. Paul, no Estado de Minnesota.
A chegada do furacão Gustav ao sul do país e a lembrança da incapacidade gerencial da administração com o furacão Katrina em 2005 foram suficientes para a tomada da decisão.
John McCain deu uma entrevista no início da tarde de ontem dizendo ser necessário que todos tirassem o "chapéu de republicanos" e colocassem "o chapéu de americanos". Com uma expressão compungida na face, pediu que todos deixassem "de lado a política partidária". Em seguida, sua equipe de comunicação informou aos repórteres a suspensão de todos os discursos políticos de hoje.
A convenção terá de começar oficialmente por razões formais e legais. O Partido Republicano precisa referendar os nomes de John McCain e de Sarah Palin como candidatos a presidente e a vice. Hoje serão apenas atividades protocolares.
Discursos importantes foram suspensos, como os do presidente George W. Bush, do vice-presidente, Dick Cheney, da primeira-dama, Laura Bush, e do governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger.
Não está claro como será o restante da convenção republicana. A rigor, não são necessários discursos, mas só a votação -que pode ser simbólica- aprovando os nomes de McCain e de Sarah Palin.
A equipe de comunicação republicana disse apenas que a programação de amanhã até quinta, quando haveria o discurso de McCain, está suspensa. Todos os dias haverá uma avaliação para verificar se será possível retomar os trabalhos.
Na conjuntura formada pela aproximação do furacão Gustav, a suspensão dos trabalhos políticos da convenção foi a única saída viável para os republicanos. A inação do governo Bush em Nova Orleans, em 2005, derrubou a popularidade da administração federal.
O risco de repetição empurrou McCain e seu partido para uma atitude de solidariedade com as pessoas atingidas por esse fenômeno climático.
Trata-se de um grande revés político para a candidatura McCain. As convenções partidárias são uma oportunidade única de ocupar livremente a mídia. O democrata Barack Obama fez isso na semana passada, quando realizou sua convenção em Denver (Colorado).

Efeitos da convenção
Mais de 38 milhões de americanos assistiram ao discurso de Obama aceitando a indicação para concorrer à Presidência. Na primeira pesquisa pós-convenção, o democrata abriu uma vantagem de oito pontos percentuais sobre seu adversário.
McCain não terá a mesma sorte. A mídia estará, na melhor das hipóteses, dividida entre os efeitos do Gustav e a capenga convenção republicana.
A esperança dos republicanos é que a atitude considerada correta neste momento de comoção acabe rendendo dividendos políticos mais adiante -até porque, espera a equipe de McCain, os democratas também devem diminuir o ritmo de campanha nesta semana.
Para McCain, há ao menos um fato positivo na suspensão dos discursos na convenção: diminui o destaque que se daria à falta de vários integrantes da cúpula republicana no evento.
Senadores republicanos que tentam a reeleição em novembro, como John Sununu (New Hampshire) e Gordon Smith (Oregon), disseram na semana passada que ficariam fazendo campanha em seus Estados.
Ao menos outros seis deputados federais faltariam pela mesma razão. Agora, essas ausências serão pouco notadas.


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