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ENTREVISTA
"Um acordo definitivo é impossível"
DE JERUSALÉM
Mesmo antes do ataque
de ontem na Cisjordânia, o
pessimismo sobre as chances de sucesso da retomada do processo de paz predominava entre a maioria
dos analistas e até entre os
próprios negociadores.
É o mesmo sentimento
do ex-ministro israelense
Yossi Beilin, um dos arquitetos dos Acordos de Oslo,
que abriram o processo de
reconciliação com os palestinos, em 1993.
Em entrevista à Folha
antes do atentado, ele previu que a tentativa de mediação do governo americano vai fracassar porque
Israel não quer e os palestinos não podem chegar a
um acordo definitivo.
(MN)
Folha - O pessimismo manifestado pelos dois lados
é real ou mera tática?
Yossi Beilin - Há motivos reais para pessimismo.
Não é uma situação normal, em que os dois lados
começam a negociar porque querem chegar a um
acordo. [O premiê de Israel
Binyamin] Netanyahu não
dá nenhum sinal de mudança ideológica, fora a
aceitação de dois Estados
-e, mesmo assim, com
muitas reservas.
Mesmo que fosse obtido
um acordo não seria possível implementá-lo, pois a
Autoridade Nacional Palestina não controla Gaza.
Reunir os dois lados para chegar a um acordo definitivo não é relevante no
momento. Não entendo
para que [o presidente Barack] Obama está organizando essa bobagem. Ele
sabe que não há chance de
um acordo definitivo.
Seria melhor um acordo interino, como em Oslo?
A ideia de Oslo era terminar tudo em cinco anos.
Não é simples esticar mais
esse processo, mas, nas
condições atuais, um acordo temporário talvez seja a
única saída possível.
Claro que o ideal seria
atacar de cara os temas
mais difíceis. O problema é
que Netanyahu não está
pronto. Sua tática é simples: ele fará de tudo para
não discutir os temas definitivos e ganhar tempo.
Depois poderá falar que
tentou, mas os palestinos
não quiseram negociar.
A chave do sucesso é a
pressão americana?
Pode-se pressionar para
que haja uma retirada ou o
alívio do bloqueio, mas
não lembro de nenhum caso em que pressão tenha
levado a um acordo de
paz. Não depende tanto de
Obama, ainda mais porque ele provavelmente sairá muito mais fraco das
eleições para o Congresso
americano, em novembro.
Leia a íntegra
folha.com.br/mu791923
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