São Paulo, quinta-feira, 01 de setembro de 2011

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Acuado, filho de Gaddafi rejeita rendição

Herdeiro político do ditador líbio pede apoio para manter a batalha; insurgentes afirmam que ele está cercado

Pistolas brasileiras e russas são encontradas em fábrica de enlatados que escondia depósito de armas do regime

Youssef Boudlal/Reuters
Pessoas brincam em parque de diversão, durante celebrações do feriado de Eid al Fitr, pelo fim do Ramadã, em Trípoli

SAMY ADGHIRNI
ENVIADO ESPECIAL A TRÍPOLI

Saif al Islam, filho e herdeiro político do ditador Muammar Gaddafi, disse ontem que seu pai está bem e pediu aos simpatizantes que sigam lutando contra os rebeldes apoiados pelo Ocidente.
O discurso, uma gravação de áudio transmitida por uma TV pró-Gaddafi sediada na Síria, soou como resposta ao ultimato dado pelos insurgentes que cercam Sirte, terra natal do ditador e bastião governista, para que ele se renda até o próximo sábado. As forças rebeldes prometeram manter trégua até lá. Mas informaram ontem que mantinham cercada a cidade de Bani Walid, onde suspeita-se que Gaddafi possa estar se escondendo.
Saif também desmentiu o irmão Saadi, que diz negociar uma solução pacífica. "Ninguém está com medo. Estamos bem, tomando chá com nossas famílias. Vamos continuar atacando esses gângsteres e ratos. Ataquem dia e noite, até que estejamos livres desses traidores", disse Al Islam à Al Rai TV, de Damasco.
Saif disse que o cerco de combatentes a Sirte por leste e oeste não passa de propaganda. No entanto, admitiu que o regime não tem mais poder sobre a capital.
"Vocês foram tolos, tolos. Deixaram que eles tomassem o controle de Trípoli. Vocês vão se arrepender disso". Afirmando estar nos arredores de Trípoli, disse: "Este é o nosso país. Vamos lutar por ele até o fim".
O filho de Gaddafi disse que há integrantes da rede Al Qaeda nas fileiras insurgentes e afirmou que a Otan (aliança militar ocidental) é composta de "idiotas".
Ele acusou as forças ocidentais que apoiam os rebeldes de recorrer a "mercenários" britânicos e franceses. Seu irmão Saadi disse ontem ter conversado com o líder militar dos rebeldes, Abdelhakim Belhaj, para discutir solução que "ponha fim ao derramamento de sangue".
Em seguida, a TV CNN disse ter recebido um email de Saadi no qual ele recuava da decisão de negociar. Apesar do fim dos combates em Trípoli, a morte de quatro combatentes rebeldes na explosão de um carro na última madrugada gerou temores de que pudesse se tratar de um atentado perpetrado por forças pró-regime. Insurgentes dizem que a explosão foi causada pela detonação acidental de granadas dos combatentes. Moradores da rua disseram à Folha que um tiroteio precedeu a explosão.

ARMAS BRASILEIRAS
Pistolas brasileiras foram encontradas ontem em uma fábrica de alimentos enlatados em Trípoli que funcionava como depósito de armas de Gaddafi, segundo a BBC. No local, o repórter Wyre Davies identificou também armas russas. Os rebeldes acusam o ditador de esconder armas sob fachadas civis.


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