|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Enviado da ONU encontra oposicionista em Mianmar
Militares impedem manifestantes de irem às ruas; reunião com chefe de junta é protelada
Protestos cujo estopim foi aumento de 500% do preço dos combustíveis já duram duas semanas; segundo ONG, já há 1200 detidos
DA REDAÇÃO
O representante da ONU
Ibrahim Gambari encontrou-se ontem com a principal líder
da oposição em Mianmar, Aung
San Suu Kyi, que está detida, e
com membros do governo militar para discutir meios de acabar com a atual crise. Protestos
contra o regime do país já duram duas semanas e deixaram
ao menos dez mortos.
Entretanto nada foi dito sobre quando Gambari deve se
reunir com o general Than
Shwe, que lidera a junta militar
baseada em Nay Pyi Taw, cidade construída pelo regime e
tornada capital no ano passado.
Um documento divulgado pela
ONU, porém, afirma que o encontro deve ocorrer antes que a
missão do diplomata termine.
Já a reunião com Suu Kyi, segundo diplomatas, levou mais
de uma hora e ocorreu na chamada de casa de hóspedes do
governo em Yangun, onde ela
está confinada. Sem dispor de
telefone, ela precisa de permissão oficial para receber visitas.
Antes do encontro com Suu
Kyi, Gambari já havia se reunido com o premiê Thein Sein e
com os ministros da Cultura e
da Informação. Não se sabe se
as conversas levaram a algum
progresso para terminar com
os maiores protestos pró-democracia desde 1988, quando a
repressão às manifestações
deixou cerca de 3.000 mortos.
Segundo relatos divulgados
ontem, centenas de monges
budistas foram presos, o centro
de Yangun foi interditado e cerca de 20 mil soldados se posicionaram pelas ruas, segundo
um diplomata asiático.
Repressão
Nas últimas semanas, os protestos chegaram a reunir cerca
de 100 mil pessoas. Ontem, porém, não havia multidões no
centro urbano de Yangun, a
maior cidade do país, onde forças militares interditaram dois
pagodes e mantiveram afastados os monges que os lideram.
Soldados e policiais revistam
pessoas e sacolas em busca de
câmeras, e a internet voltou a
ficar fora do ar. A Comissões de
Direitos Humanos Asiática, baseada em Hong Kong, afirmou
que ao menos 700 monges e
500 outras pessoas foram presas em todo o país.
Os protestos começaram
com pequenas marchas contra
o aumento do preço dos combustíveis, em meados de agosto, e foram intensificados
quando soldados dispararam
contra monges que se manifestavam, o que levou mais gente
às ruas em apoio aos religiosos.
Ontem, o papa Bento 16 pediu uma solução pacífica para o
que chamou de "extremamente
sérios" eventos em Mianmar e
expressou solidariedade.
Relatos
O site da rede britânica BBC
apresenta relatos sobre a situação local feitos por pessoas que
estão em Mianmar. Segundo a
rede, os depoimentos foram
enviados por e-mail ou colhidos pelo serviço de notícias da
região.
"A junta militar fez uma assembléia em Myitkyina. Eles
disseram que todos, de todas as
casas, tinham de participar da
assembléia. Foi por isso que todos tiveram de ir lá, senão, ninguém teria ido. Já mataram o líder dos monges em Myitkyina
na última terça-feira à noite",
relatava Mi, sobre a assembléia
realizada ontem na cidade.
"Deixei Mianmar hoje. Passei o último mês viajando pelo
país. (...)Eu estava relutante em
partir, muitos me disseram que
queriam mais estrangeiros lá
para apoiá-los. (...)Nos últimos
dias, dei flores aos soldados, dizendo que não atirem. (...) As
pessoas estão desesperadas,
querem que forças internacionais vão para lá", afirma Karen,
que vive na Tailândia.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Costa Rica: Protesto contra acordo com os EUA atrai 100 mil Próximo Texto: Apesar de Ahmadinejad negar, homossexuais insistem em existir no Irã Índice
|