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Índia já apoiou tanto militares quanto dissidentes birmaneses
DO "FINANCIAL TIMES"
A única democracia entre os
países -incluindo a China comunista e a armada Tailândia-
que têm influência significativa
sobre a junta militar de Mianmar, a Índia se contorce no
quente assento diplomático.
Com os EUA reivindicando
sanções mais duras, Nova Déli
enfrenta uma pressão sem precedentes para mostrar liderança regional em apoio ao movimento pela democracia. A Índia apoiou o movimento pró-democrático, fornecendo até
assistência financeira a organizações empenhadas em uma
luta armada contra a junta militar de Mianmar.
O país tem fortes ligações
com a líder oposicionista Aung
San Suu Kyi. Foi lá onde ela estudou e foi lá onde sua mãe foi
embaixatriz -seu pai, general
Aung San, herói da independência, foi assassinado. Em
meados da década de 90, porém, a Índia passou a procurar
ligações mais fortes com Mianmar na tentativa de conter a
crescente influência chinesa e
garantir o acesso às reservas de
gás natural birmanesas.
A mudança refletiu a preocupação de Nova Déli de que
Mianmar se tornasse refúgio de
rebeldes do já tumultuado norte oriental. Enquanto continua
mostrando simpatia por dissidentes birmaneses, a Índia cortou apoio formal ao movimento
de oposição. Mas, ao mesmo
tempo, forneceu ajuda financeira e equipamentos militares.
No ano passado, Índia vendeu a Mianmar duas aeronaves
de monitoramento marítimo
BN-2 Islander que haviam sido
compradas do Reino Unido na
década de 80, apesar das objeções britânicas de que, com a
venda, a Índia estaria municiando um país sob embargo de
armas da União Européia.
O chefe da Força Aérea indiana, S.P. Tyagi, ofereceu uma
ajuda de milhões de dólares para os militares birmaneses
quando, em novembro, durante visita ao país em que se reuniu com líderes do governo militar, o Conselho de Paz e Desenvolvimento do Estado.
Suhas Chakma, diretor do
Centro Asiático de Direitos
Humanos, diz que "nunca é tarde demais para acordar. Se a Índia pode falar sobre liberdade
individual e justiça no julgamento dos ex-premiês de Bangladesh, Sheikh Hasina e Begum Khaleda Zia, que foram
acusados de corrupção, não há
razão para que a Índia não condene a morte de monges e de
outros manifestantes pacíficos". Oficiais indianos, no entanto, rebatem as críticas: "Não
vamos nos incomodar com as
críticas sobre nossa relação
com Mianmar, já que o Ocidente é o maior apoiador de governos militares na nossa região",
afirma um deles. "Não somos a
única democracia que trabalha
com generais."
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