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EUA estão por trás de movimentação pró-diálogo
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
As ameaças americanas de
retaliar comercialmente Honduras e desconhecer a legitimidade das eleições de novembro
são um dos fatores por trás da
nova disposição de negociação
para pôr fim à crise política demonstrada por alguns empresários e políticos do país.
Antes apoiadores incontestes do governo Roberto Micheletti, eles agora fazem parte do
grupo que, nos bastidores, pede
flexibilidade ao governante.
Segundo a Folha apurou, em
reunião no domingo em sua casa em Tegucigalpa, o embaixador dos EUA, Hugo Llorens,
afirmou que Washington estuda sancionar as importações
hondurenhas -o mercado
americano é o principal destino- em dez dias se a crise no
país não se encaminhar para
uma solução que envolva a volta de Manuel Zelaya ao poder.
Disse ainda que o estado de sítio impede a eleição.
Presente na reunião com
Llorens, o candidato a presidente Elvin Santos (Partido Liberal, o mesmo de Zelaya) disse que seria "falta de cortesia"
comentá-la. Ainda assim, questionado se os EUA estavam
pressionando os candidatos,
ele demonstrou desconforto:
"Querer pedir aos candidatos
que apoiem uma saída quando
também estão limitando seu
poder porque põem em dúvida
o processo [eleitoral]... "
Santos se opõe à restituição
do deposto assim como à anistia -atitude mais dura do que a
do favorito à Presidência, Porfirio Lobo Sosa (Partido Nacional). "Colocaram o Zelaya no
país de uma maneira contraproducente assim como, no
passado, ele não teve direito a
um processo. Em vez disso, ele
ficou sem defesa e foi expatriado. O que temos de fazer é definir em termos legais a resolução do problema", disse Santos.
O empresário Adolfo Facussé, que se reuniu com Llorens,
atacou a técnica americana de
"ameaçar para gerar consenso". Ele, porém, propôs anteontem uma volta hipercondicionada de Zelaya ao poder.
"Recebi telefonemas do
mundo inteiro para falar da
proposta. Estou otimista." Facussé é ex-sócio majoritário de
uma fábrica têxtil -fechada,
segundo ele, por causa da crise
econômica americana.
César Ham, deputado pela
esquerdista Unificação Democrática e fiel a Zelaya, avalia assim a atual situação: "Há duas
opções: ou é uma fissura no
bloco golpista, pelos diferentes
interesses, ou é uma estratégia
para dilatar a situação".
Para um integrante do governo Micheletti, a situação interna tem peso na pressão sobre o
regime. Diz que a situação
"amadureceu" desde que Zelaya voltou à Honduras.
Quem temia que a volta provocasse o caos e o retorno de
Zelaya ao poder, diz ele, está
mais tranquilo e com disposição de negociar uma solução
intermediária, confiante que o
deposto não terá força para
promover uma Constituinte.
Segundo ele, os empresários
são fator importante, mas o desejo do sistema político de se
preservar e manter as eleições
é que pode mover a negociação.
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