|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FRANÇA
Palestinos exibem otimismo
Sharon nega Jerusalém como túmulo de Arafat
JOÃO BATISTA NATALI
ENVIADO ESPECIAL A PARIS
Nenhum médico francês responsável por Iasser Arafat chegou
a antecipar diagnóstico. O dirigente palestino está internado
desde sexta num hospital militar
nas imediações de Paris. Mas há
um esforço de pessoas politicamente próximas a ele de fazer declarações tranqüilizadoras.
"Ele voltou a se alimentar normalmente e parece estar fortalecido", disse ontem às 14h, diante do
Hospital Militar Percy, Leila Shahid, representante da Autoridade
Nacional Palestina na França.
"Comunicou-se normalmente
com seus acompanhantes, e os
médicos estão otimistas", acrescentou. A mesma dirigente dissera na véspera que "a hipótese de
leucemia" estaria excluída.
Mas declarações em sentido
oposto partiram de outros palestinos e até do premiê israelense,
Ariel Sharon. "Enquanto eu for
premiê, Arafat não será enterrado
em Jerusalém", afirmou ontem.
Ou seja, a hipótese de Arafat estar gravemente doente é aceita
por Sharon. Que ele não permitiria que Arafat fosse sepultado
junto à mesquita de Al Aqsa já se
sabia desde quarta. O premiê ofereceu, em troca, a localidade de
Abu Dis, perto de Jerusalém, mas
do outro lado do muro que separa
terras israelenses de palestinas.
O enfoque pessimista foi também dado por um dirigente palestino não identificado, no site da
CNN. Disse que Arafat se exprime
de modo confuso, com perda de
memória. Outro palestino disse à
CNN que médicos de quatro países árabes que examinaram Arafat em Ramallah tendiam a acreditar que ele estava leucêmico.
No campo dos otimistas, o
chanceler palestino, Nabil Shaath,
que não está em Paris, disse que
Arafat está bem-humorado e se
alimentou ontem com leite e flocos de cereais.
Diante do hospital, a representante palestina Leila Shahid disse
que só voltaria a conversar com os
jornalistas amanhã, terça. Disse
-o que é bastante inverossímil- que em razão do feriado religioso de hoje na França os laboratórios estariam interrompendo
os exames dos pacientes internados. Ela disse ainda que Arafat recebeu e leu mensagens de pronto
restabelecimento, enviadas por
Fidel Castro, Colin Powell, Vladimir Putin e Jacques Chirac.
O primeiro boletim médico será
divulgado na quarta-feira. Mas
até lá os palestinos contam com o
esvaziamento do assunto, a ser
eclipsado pelas eleições americanas. Poderão então gerir a crise
com maior tranqüilidade.
O esvaziamento de certo modo
já começou. Ontem à tarde, diante do Hospital Percy, só uma dezena de jornalistas aguardava debaixo de um céu encoberto e temperatura de 8C que algo ocorresse. Na véspera eram quase 50.
Sem a cobertura da mídia, os
grupos pró-palestinos franceses,
ruidosos ainda no sábado, preferiram desta vez ficar em casa.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Eleição no Uruguai: Pesquisa coloca Vázquez perto da vitória Próximo Texto: Iraque: EUA investigam casos de desvio de fundos Índice
|