São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2004

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FRANÇA

Palestinos exibem otimismo

Sharon nega Jerusalém como túmulo de Arafat

JOÃO BATISTA NATALI
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

Nenhum médico francês responsável por Iasser Arafat chegou a antecipar diagnóstico. O dirigente palestino está internado desde sexta num hospital militar nas imediações de Paris. Mas há um esforço de pessoas politicamente próximas a ele de fazer declarações tranqüilizadoras.
"Ele voltou a se alimentar normalmente e parece estar fortalecido", disse ontem às 14h, diante do Hospital Militar Percy, Leila Shahid, representante da Autoridade Nacional Palestina na França. "Comunicou-se normalmente com seus acompanhantes, e os médicos estão otimistas", acrescentou. A mesma dirigente dissera na véspera que "a hipótese de leucemia" estaria excluída.
Mas declarações em sentido oposto partiram de outros palestinos e até do premiê israelense, Ariel Sharon. "Enquanto eu for premiê, Arafat não será enterrado em Jerusalém", afirmou ontem.
Ou seja, a hipótese de Arafat estar gravemente doente é aceita por Sharon. Que ele não permitiria que Arafat fosse sepultado junto à mesquita de Al Aqsa já se sabia desde quarta. O premiê ofereceu, em troca, a localidade de Abu Dis, perto de Jerusalém, mas do outro lado do muro que separa terras israelenses de palestinas.
O enfoque pessimista foi também dado por um dirigente palestino não identificado, no site da CNN. Disse que Arafat se exprime de modo confuso, com perda de memória. Outro palestino disse à CNN que médicos de quatro países árabes que examinaram Arafat em Ramallah tendiam a acreditar que ele estava leucêmico.
No campo dos otimistas, o chanceler palestino, Nabil Shaath, que não está em Paris, disse que Arafat está bem-humorado e se alimentou ontem com leite e flocos de cereais.
Diante do hospital, a representante palestina Leila Shahid disse que só voltaria a conversar com os jornalistas amanhã, terça. Disse -o que é bastante inverossímil- que em razão do feriado religioso de hoje na França os laboratórios estariam interrompendo os exames dos pacientes internados. Ela disse ainda que Arafat recebeu e leu mensagens de pronto restabelecimento, enviadas por Fidel Castro, Colin Powell, Vladimir Putin e Jacques Chirac.
O primeiro boletim médico será divulgado na quarta-feira. Mas até lá os palestinos contam com o esvaziamento do assunto, a ser eclipsado pelas eleições americanas. Poderão então gerir a crise com maior tranqüilidade.
O esvaziamento de certo modo já começou. Ontem à tarde, diante do Hospital Percy, só uma dezena de jornalistas aguardava debaixo de um céu encoberto e temperatura de 8C que algo ocorresse. Na véspera eram quase 50.
Sem a cobertura da mídia, os grupos pró-palestinos franceses, ruidosos ainda no sábado, preferiram desta vez ficar em casa.


Com agências internacionais


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