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ELEIÇÃO NO URUGUAI
Esquerdista teve pouco mais da metade dos votos, segundo instituto; resultado oficial será divulgado hoje
Pesquisa coloca Vázquez perto da vitória
CLÁUDIA DIANNI
ENVIADA ESPECIAL A MONTEVIDÉU
As pesquisas de boca de urna
realizadas ontem após o encerramento das eleições no Uruguai
confirmaram o que todas os levantamentos já previam desde de
julho: a vitória em primeiro turno
do candidato de esquerda Tabaré
Vázquez.
No entanto analistas estavam
cautelosos ontem em confirmar
que não haverá segundo turno no
dia 28 de novembro porque cerca
de 25% dos entrevistados não
quiseram responder à pesquisa.
Quatro consultorias apontaram
que Vázquez obteve entre 50,1% e
52,5% dos votos, o candidato
Blanco Jorge Larrañaga teria obtido entre 29,9% e 34,2% dos votos
e o candidato do governo, o colorado Guillermo Stirlling, entre
8,4% e 10,5% dos votos. O resultado oficial seria confirmado na
madrugada de hoje.
O crescimento da esquerda no
Uruguai tem sido consistente desde o surgimento da Frente Ampla,
em 1971, e tem acompanhado o
declínio dos tradicionais partidos
Colorado (conservador-liberal) e
Nacional ou Blanco(conservador-nacionalista) que se revezam no
poder há 174 anos. Em 1994 Vázquez foi o mais votado no primeiro turno, mas não conseguiu vencer a união de forcas dos conservadores no segundo turno.
Agora a esquerda deve herdar
um país com mais de 30% de pobreza, cem mil indigentes, 13% de
desemprego, alto nível de desnutrição infantil e uma dívida externa que equivale a 106% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Ao contrário do atual presidente colorado, Jorge Batlle, que afirmou não acreditar em planos sociais, mas em crescimento econômico, Vázquez já anunciou que
deve adotar um plano de emergência e baseou suas propostas no
governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O médico oncologista e futuro presidente do
Uruguai disse que pretende continuar atendendo pacientes pelo
menos três vezes por semana.
Os atos e discursos políticos foram encerrados na quarta-feira
passada, conforme determina a
legislação eleitoral do Uruguai,
mas a população ocupou o espaço
antes dominado por candidatos e
cabos eleitorais e tomou as ruas
de de Montevidéu. A madrugada
de sábado parecia noite de carnaval na capital uruguaia. O enredo
da comemoração pelo exercício
da democracia era tocado pelas
buzinas dos automóveis que não
pararam de soar até pelos menos
as 3 horas da madrugada.
Da população de 3,3 milhões de
uruguaios, 1,7 milhão estão em
Montevidéu. A capital concentra
mais da metade dos 2,4 milhões
de eleitores do país.
"Vou comemorar toda a madrugada e depois faremos uma vigília na frente da sede do comitê
eleitoral da Frente Ampla", disse
Facundo Nuñez, de 20 anos, que
comemorava seu primeiro voto
presidencial com um grupo de
amigos munido com bandeira.
O jornaleiro Gabriel Roberto
Ures, de 73 anos, que acompanha
a movimentação política há dias
de sua banca na Avenida 18 de julho, disse que nunca viu uma eleição tão comemorada.
A polícia designou um efetivo
de 8 mil homens para cuidar da
segurança em todo o país até o
meio dia de hoje. Mas até o final
da tarde de ontem nenhuma
ocorrência grave foi registrada.
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