São Paulo, quinta-feira, 01 de novembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Chávez propõe levar reforma a referendo em blocos

Anúncio surpreendeu, mas reeleição ilimitada e incorporação de Missões à Carta ainda estariam juntas; oposição quer adiar a votação

Jorge Silva/Reuters
Chávez levou Naomi a encontro com mulheres em Caracas


FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Em anúncio inesperado, o presidente Hugo Chávez propôs ontem à Assembléia Nacional que o controvertido projeto de reforma constitucional seja votado em "dois ou três blocos" durante o referendo.
"Minha proposta original foi fortalecida, (...) foram acrescentados mais 36 artigos. Cheguei à conclusão de que ela poderia ser votada em blocos, apresentada em blocos", disse, durante ato público, em Caracas. "Creio que a proposta original é para ser votada em bloco, mas o conjunto de artigos agregados poderia formar um segundo ou terceiro bloco."
A "proposta original", apresentada por Chávez em 15 de agosto, é formada por 33 artigos e inclui a reeleição indefinida para presidente, o fim da autonomia do Banco Central, a redução da jornada de trabalho de 44 para 36 horas e o status constitucional para seus populares programas sociais, conhecidos como "Missões".
Nas últimas semanas, deputados governistas da Assembléia Nacional mais do que duplicaram essa proposta inicial. A redação final dessas alterações só deve ser divulgada amanhã, quando a bancada governista irá a pé da Assembléia ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para entregar o texto.
A proposta de ontem de Chávez surpreende porque até agora o presidente e seus aliados vinham defendendo a votação em um só bloco. O anúncio foi recebido com indiferença pelo principal partido oposicionista, Um Novo Tiempo (UNT).
"É uma proposta enganosa", disse à Folha Timoteo Zambrano, dirigente do UNT. "No fundo, o que ele quer é que sua proposta de 33 artigos continue compacta. O que ele quer é aprovar a reeleição indefinida."
O UNT apóia a proposta feita pelo movimento estudantil de que o referendo seja adiado de 2 de dezembro -data proposta por Chávez- para o primeiro trimestre do ano que vem.
Nas últimas semanas, as críticas contra o projeto de reforma constitucional aumentaram. Um dos principais oponentes tem sido a Igreja Católica. Em resposta, Chávez -que passou o dia acompanhado da top model Naomi Campbell- afirmou que, "se Cristo estivesse vivo, os tiraria [a cúpula da igreja] a chicotadas".


Texto Anterior: Corte anula condenação de Oviedo
Próximo Texto: Cristina defende uso de decretos de urgência
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.