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Chávez propõe levar reforma a referendo em blocos
Anúncio surpreendeu, mas reeleição ilimitada e incorporação de Missões à Carta ainda estariam juntas; oposição quer adiar a votação
Jorge Silva/Reuters
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Chávez levou Naomi a encontro com mulheres em Caracas |
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Em anúncio inesperado, o
presidente Hugo Chávez propôs ontem à Assembléia Nacional que o controvertido projeto
de reforma constitucional seja
votado em "dois ou três blocos"
durante o referendo.
"Minha proposta original foi
fortalecida, (...) foram acrescentados mais 36 artigos. Cheguei à conclusão de que ela poderia ser votada em blocos,
apresentada em blocos", disse,
durante ato público, em Caracas. "Creio que a proposta original é para ser votada em bloco, mas o conjunto de artigos
agregados poderia formar um
segundo ou terceiro bloco."
A "proposta original", apresentada por Chávez em 15 de
agosto, é formada por 33 artigos e inclui a reeleição indefinida para presidente, o fim da autonomia do Banco Central, a
redução da jornada de trabalho
de 44 para 36 horas e o status
constitucional para seus populares programas sociais, conhecidos como "Missões".
Nas últimas semanas, deputados governistas da Assembléia Nacional mais do que duplicaram essa proposta inicial.
A redação final dessas alterações só deve ser divulgada amanhã, quando a bancada governista irá a pé da Assembléia ao
Conselho Nacional Eleitoral
(CNE) para entregar o texto.
A proposta de ontem de Chávez surpreende porque até agora o presidente e seus aliados
vinham defendendo a votação
em um só bloco. O anúncio foi
recebido com indiferença pelo
principal partido oposicionista,
Um Novo Tiempo (UNT).
"É uma proposta enganosa",
disse à Folha Timoteo Zambrano, dirigente do UNT. "No
fundo, o que ele quer é que sua
proposta de 33 artigos continue compacta. O que ele quer é
aprovar a reeleição indefinida."
O UNT apóia a proposta feita
pelo movimento estudantil de
que o referendo seja adiado de
2 de dezembro -data proposta
por Chávez- para o primeiro
trimestre do ano que vem.
Nas últimas semanas, as críticas contra o projeto de reforma constitucional aumentaram. Um dos principais oponentes tem sido a Igreja Católica. Em resposta, Chávez -que
passou o dia acompanhado da
top model Naomi Campbell-
afirmou que, "se Cristo estivesse vivo, os tiraria [a cúpula da
igreja] a chicotadas".
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