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Maternidade é
deixada de lado
por adolescente
DO ENVIADO A PORTO PRÍNCIPE
Na maternidade de Croix-de-Bouquets, um dos distritos mais carentes de Porto
Príncipe, há só um registro
de parto em adolescente
nos últimos seis meses.
"Foi numa garota de 15
anos. Não houve mais",
afirma a diretora do lugar,
Rodemy Infréne Gabriel.
É preciso relativizar. Esse
é um indicativo de que as
adolescentes estão dando à
luz nos acampamentos,
sem as menores condições
de higiene, longe de qualquer assistência médica.
Enquanto Rodemy fala à
Folha, quatro mulheres estão sentadas no chão de
concreto. Uma delas grita
um "uuuuuu" longo, sentido: sofre trabalho de parto.
É normal, explica o obstetra de plantão, Flaubert
Aurélus, como que dizendo
"tudo bem, elas estão no lucro". Meses atrás, aquelas
mulheres não estariam ali.
A maternidade era pequena, não acolheria tantas
futuras mães como agora.
"Passamos de 50 partos
mensais para 165", conta.
O motivo de tanto movimento, a recente inauguração de um segundo andar,
oferecimento do UNFPA, o
Fundo de População das
Nações Unidas.
Hoje, a maternidade de
Croix-de-Bouquets conta
com uma sala de cirurgia,
quatro obstetras, quatro
anestesistas, sete enfermeiras. À primeira vista, parece
muito pouco. Mas, de novo,
é preciso comparar com o
quase nada que havia por
ali meses atrás.
No segundo pavimento,
uma fase à frente das que
agonizam no trabalho de
parto, Dieula Bolce, 35, embala seu nenê. É o quarto.
E seu sacrifício para chegar ao hospital dá a medida
de sua importância, apesar
da aparente precariedade.
Ela mora no interior do
país, em Bellefontaine. E levou 11 horas para chegar à
porta da maternidade.
Caminhando.
(FSX)
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