São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2010

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Maternidade é deixada de lado por adolescente

DO ENVIADO A PORTO PRÍNCIPE

Na maternidade de Croix-de-Bouquets, um dos distritos mais carentes de Porto Príncipe, há só um registro de parto em adolescente nos últimos seis meses.
"Foi numa garota de 15 anos. Não houve mais", afirma a diretora do lugar, Rodemy Infréne Gabriel.
É preciso relativizar. Esse é um indicativo de que as adolescentes estão dando à luz nos acampamentos, sem as menores condições de higiene, longe de qualquer assistência médica.
Enquanto Rodemy fala à Folha, quatro mulheres estão sentadas no chão de concreto. Uma delas grita um "uuuuuu" longo, sentido: sofre trabalho de parto.
É normal, explica o obstetra de plantão, Flaubert Aurélus, como que dizendo "tudo bem, elas estão no lucro". Meses atrás, aquelas mulheres não estariam ali.
A maternidade era pequena, não acolheria tantas futuras mães como agora. "Passamos de 50 partos mensais para 165", conta.
O motivo de tanto movimento, a recente inauguração de um segundo andar, oferecimento do UNFPA, o Fundo de População das Nações Unidas.
Hoje, a maternidade de Croix-de-Bouquets conta com uma sala de cirurgia, quatro obstetras, quatro anestesistas, sete enfermeiras. À primeira vista, parece muito pouco. Mas, de novo, é preciso comparar com o quase nada que havia por ali meses atrás.
No segundo pavimento, uma fase à frente das que agonizam no trabalho de parto, Dieula Bolce, 35, embala seu nenê. É o quarto.
E seu sacrifício para chegar ao hospital dá a medida de sua importância, apesar da aparente precariedade.
Ela mora no interior do país, em Bellefontaine. E levou 11 horas para chegar à porta da maternidade.
Caminhando. (FSX)


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