São Paulo, terça-feira, 01 de novembro de 2011

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Com a crise, emprego terá nova retração

Organização do Trabalho prevê que atual desaceleração impedirá as economias de se recuperarem antes de 2016

Na zona do euro, índice é o maior desde a criação da moeda; no mundo, total de desempregados chega a 200 milhões

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A CANNES

É iminente um segundo mergulho na recessão para o emprego, em um mundo que está longe de ter superado o primeiro mergulho, gerado pela crise de 2008/09.
A advertência foi emitida ontem pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) em relatório encaminhado aos líderes do G20, o clube das grandes economias, cuja cúpula começa quinta-feira.
A presidente Dilma Rousseff chega hoje, mas a advertência da OIT não vale nem para o Brasil nem para a América Latina. Para Raymond Torres, diretor do Instituto Internacional para Estudos do Trabalho, subordinado à OIT, o G20 se reúne no que chama de "hora da verdade".
Para ele, há "uma breve janela de oportunidade para evitar um grande novo mergulho no desemprego". Hoje, os desempregados em todo o mundo são 200 milhões.
Se se fechar a janela, as economias avançadas levarão cinco anos para retornar ao nível de emprego pré-crise, um ano mais do que previa o relatório da OIT de 2010.
A instituição informa que é preciso criar 80 milhões de empregos nos próximos dois anos para recuperar o nível de antes da crise. Mas a desaceleração das economias sugere que só será criada metade dos empregos necessários.
Números divulgados ontem pelo Eurostat, o IBGE dos países europeus, mostram que o desemprego nos 17 países da eurozona aumentou em 188 mil pessoas (para 16,2 milhões), o mais alto desde a criação do euro. Foi o maior aumento em dois anos.
A OIT não deixa de apontar os efeitos sociais e políticos da crise do emprego: em 45 dos 118 países avaliados, o risco de "inquietação social" está aumentando, especialmente nas economias avançadas, casos da União Europeia, de países árabes e, em menor medida, da Ásia.
O mesmo alerta político-social foi emitido ontem pelo lado patronal, num raro momento de plena coincidência com uma instituição voltada para a defesa do trabalho.
"O G20 é verdadeiramente importante por causa da crise da dívida, mas também porque na maioria dos países vemos algumas tendências políticas inquietantes", disse Laurence Parisot, presidente do Medef, confederação empresarial francesa, anfitriã do B20, grupo de homens de negócio que se reúne antes de cada cúpula do G20.
É lógico supor que Parisot se refere aos diferentes movimentos de "indignados" que pipocam no mundo todo e que convocaram para sexta-feira um dia mundial de protesto contra o G20.
Tanto o B20 como os sindicatos de trabalhadores serão recebidos pelo presidente Nicolas Sarkozy, mas os "indignados" nem chegarão perto: desde a meia-noite de ontem, hotéis à beira do Mediterrâneo, onde ficarão as delegações, e o Palácio de Congressos e Exposições de Cannes, local do célebre festival de cinema e, agora, do G20, estão blindados por dispositivo de segurança super-reforçado.


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