São Paulo, terça-feira, 01 de novembro de 2011

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Grécia convocará referendo sobre calote

Primeiro-ministro anuncia que submeterá ao julgamento popular acordo feito pelos países da União Europeia

Anúncio gera surpresa e torna incerto o futuro da proposta aceita por bancos de um desconto de 50% da dívida grega

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, surpreendeu ontem ao anunciar que irá convocar um referendo sobre a adoção das medidas anticrise aprovadas na quinta passada pelos líderes da União Europeia.
A decisão é arriscada, uma vez que o pacote anticrise-no qual ficou acertado desconto de 50% da dívida pública grega e um resgate de mais € 130 bilhões para assegurar a solvência do país- tem se mostrado impopular na Grécia. O motivo: a contrapartida do calote negociado envolve a adoção de medidas de austeridade por parte do governo.
Em pesquisa divulgada por um jornal grego no fim de semana, cerca de 60% dos gregos disseram achar o acordo "negativo ou "provavelmente negativo".
A decisão deixou o governo francês "estupefato", segundo o jornal "Le Monde". O presidente Nicolas Sarkozy conduziu extensas rodadas de negociação com a chanceler alemã, Angela Merkel, para chegar ao acerto. França e Alemanha são responsáveis por 48% do PIB da zona do euro.
O Ministério das Finanças alemão divulgou comunicado em que observa que a cúpula da UE estabeleceu prazos claros: o segundo pacote de ajuda à Grécia deve ser finalizado até o fim do ano. "No momento, todos trabalhamos para isso com alta intensidade."
Apesar de classificar o referendo como um "problema dos gregos", o chanceler britânico, William Hague, disse esperar que as consequências de um "não" sejam debatidas na Grécia. "Esperamos que todos os países honrem os acordos que firmaram."
Papandreou, contudo, defendeu a necessidade do referendo. "Em um assunto que determina o futuro do país, o cidadão tem a primeira palavra", disse o premiê. "E nós confiamos nos cidadãos, confiamos no seu julgamento, acreditamos na sua decisão."
O ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, disse que o referendo deve ser realizado no início de 2012. "É claro que o povo grego pode dizer 'não', mas é preciso que tenham em mente as consequências dessa decisão."
O último referendo realizado na Grécia foi em 1974, quando a monarquia foi abolida, meses depois do colapso da ditadura militar.

VOTO DE CONFIANÇA
O primeiro-ministro disse que vai submeter sua gestão a um voto de confiança do Parlamento. O debate sobre a moção começa amanhã, e a votação será na sexta-feira.
Uma hipótese para a decisão de Papandreou sobre o referendo é que ele tenha sido pressionado por sua base - 153 deputados socialistas, entre 300 parlamentares.


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