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Chávez lança nova busca por reeleição sem limites
Presidente insta aliados a propor outra vez emenda que permita perpetuá-lo no cargo
"Estou pronto para ficar com vocês até 2021", anuncia, dias após ver opositores conquistarem principais Estados em pleito regional
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Apenas uma semana após as
eleições regionais, o presidente
Hugo Chávez ordenou ao Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) que reative uma
emenda constitucional para incluir a reeleição indefinida, já
derrotada em referendo no ano
passado.
"Chávez não vai embora,
Chávez fica! Autorizo ao PSUV,
ao povo venezuelano, que comecem o debate e as ações para
conseguir a emenda constitucional e a reeleição do presidente da República. Tenho certeza de que agora vamos conseguir", afirmou Chávez, em discurso transmitido durante cadeia obrigatória de rádio e TV.
"Vamos demonstrar quem
manda na Venezuela! Têm a
minha aprovação para tomar as
ações que sejam necessárias tomar. Se Deus quiser, estou
pronto para ficar com vocês até
até 2021", afirmou Chávez, que
também preside o PSUV.
Chávez disse que a reativação
da emenda constitucional é
uma resposta ao que ele chamou de "atitude fascista" dos
novos governadores e prefeitos
da oposição eleitos há apenas
oito dias, quando venceram em
4 dos 5 maiores colégios eleitorais do país.
Logo após a sua derrota no
referendo do ano passado, Chávez já havia dito que voltaria
tentar implantar a reeleição indefinida. Ao longo deste ano,
porta-vozes do PSUV disseram
que esperavam relançar a proposta logo depois das eleições
regionais. Apesar de ter sido
derrotado nos grandes centros,
entre os quais Caracas, Chávez
controla 18 dos 24 Estados e
80% das prefeituras.
No referendo, o "não" à reforma ganhou com apertados
50,7% dos votos válidos, no que
foi a primeira derrota eleitoral
de Chávez desde que se elegeu
pela primeira vez, em 1998.
Pelo artigo 342 da Constituição, um projeto de reforma
constitucional pode ser apresentado por ao menos 15% dos
eleitores inscritos. As outras
formas de apresentar são por
meio do Executivo ou do Legislativo. Depois, a proposta é submetida a referendo, como ocorreu há um ano.
"Trata-se de um projeto personalista, motivado pela ambição do presidente Chávez em se
perpetuar no poder", disse à
Folha Omar Barboza, presidente do UNT (Um Novo Tempo), o maior partido da oposição). "É uma proposta inconstitucional porque a Constituição
afirma que uma emenda só pode ser apresentada uma vez por
mandato presidencial, e esse
tema já foi proposto."
Chávez foi eleito pela primeira vez em 1998, quando ainda
não existia reeleição na Venezuela. Em 2000, após a entrada
em vigor da nova Constituição,
se elegeu novamente para um
mandato de seis anos, com direito a uma reeleição. Em dezembro de 2006, ganhou o
atual mandato, que termina em
janeiro de 2013, quando teria
de deixar o poder.
Colômbia
No mesmo discurso, Chávez
disse que, se o governo colombiano não retirar o seu cônsul
na cidade de Maracaibo (oeste),
Carlos Galvis Fajardo, ele será
expulso da Venezuela. "Ou o levam ou eu o tiro do país."
Anteontem, o canal estatal
VTV divulgou suposta conversa telefônica entre Galvis e o assessor presidencial de Álvaro
Uribe, José Obdulio Gaviria.
Ali, o cônsul colombiano celebra a vitória da oposição no Estado de Zulia e em Maracaibo e
fala em "tomar ações" com o
governador eleito, Pablo Pérez,
e com o prefeito eleito e atual
governador, Manuel Rosales.
"Temos um potencial, já na
manhã falei com eles, vamos
nos reunir para olhar e tomar
umas ações já em nível de governo, porque estou pensando
no que estamos fazendo lá. Preciso de luzes suas, para quando
você disser "comece", eu arrancar", diz o cônsul na gravação.
Mais tarde, o chanceler Nicolás Maduro disse que o governo
colombiano lhe havia informado que tirariam o cônsul do
país. Em entrevista ao canal
Globovisíon, Galvis Fajardo negou estar envolvido num plano
contra Chávez e disse que a gravação de sua conversa telefônica é uma "violação" ao direito
internacional.
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