|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Deposto só aceita voltar sem reconhecer eleição
DO ENVIADO A TEGUCIGALPA
Exilado há mais de dois meses na embaixada brasileira, o
presidente deposto, Manuel
Zelaya, voltou a afirmar ontem
que não aceitará sua restituição
se for para "legitimar o golpe".
"Não se aceita a restituição
com a condição de limpar o golpe ou de aceitar essas eleições
fraudulentas", disse ontem à
Folha seu principal assessor
político, Carlos Reina, que hoje
deve deixar a representação
brasileira, onde acompanha
Zelaya desde o dia 21 de setembro, quando o presidente deposto entrou clandestinamente em Honduras. Atualmente,
21 pessoas estão abrigadas no
local -no início, havia 313.
Por outro lado, Reina disse
que a restituição não está descartada totalmente, e que Zelaya poderia voltar à Presidência,
mas sem reconhecer a eleição.
O assessor, no entanto, considera esse cenário improvável,
já que vê poucas chances de vitória amanhã no Congresso.
"Nós havíamos aceitado que
o Congresso discutisse o tema
antes das eleições, porque havia a pressão do povo. Mas, passadas as eleições, tudo o que fizerem é inválido", disse Zelaya
ontem, à revista mexicana
"Proceso".
No início de novembro, Zelaya rompeu o acordo que havia
assinado uma semana antes,
alegando que ele deveria encabeçar uma governo de unidade
antes das eleições.
O governo interino, respaldado pelos EUA, intermediadores do acordo, afirmou que o
pacto não fixava uma data para
que o Congresso aprovasse a
sua restituição e que o governo
de unidade era um tema independente ao retorno de Zelaya.
Sobre a permanência na embaixada, Reina afirmou que Zelaya deve ficar lá até 27 de janeiro, quando terminaria o seu
mandato. "Depois, ele é um cidadão privado e tomará as decisões que quiser."
Ele negou que o presidente
deposto esteja pensando em
asilar-se em algum outro país
neste momento.
(FM)
Texto Anterior: "Zelaya é história", diz presidente eleito Próximo Texto: Justiça vê comparecimento de 61,3%, mas resistência contesta Índice
|