São Paulo, sexta-feira, 02 de janeiro de 2009

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Trégua não é necessária, diz Israel

Chanceler israelense justifica rejeição de apelo francês dizendo que não há crise humanitária em Gaza

Tzipi Livni diz que cessar-fogo legitimaria Hamas; governo do Egito exige do grupo fim do lançamento de foguetes contra Israel

DA REDAÇÃO

A chanceler israelense, Tzipi Livni, justificou ontem a decisão de rejeitar a proposta de trégua de 48 horas em Gaza apresentada por Paris dizendo que o acordo não é necessário.
"Não há crise humanitária em Gaza, e portanto não há necessidade de trégua humanitária", disse Livni após ser recebida em Paris pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy.
A ministra alegou que Israel autorizou nos últimos dias mais entrada de suprimentos no território palestino do que antes da ofensiva -Gaza está sob cerco israelense desde que o Hamas assumiu o controle da região, há um ano e meio.
Livni disse ainda que Israel suspenderá os ataques "no momento certo" e insistiu em que a ofensiva "está atingindo seus objetivos". Ela disse que uma trégua legitimaria o Hamas. "Queremos enfraquecer o Hamas em Gaza. No final, ele é um problema não só de Israel, mas também do povo palestino."
A França havia formulado na terça-feira um pedido de trégua de 48 horas para facilitar o atendimento aos feridos e permitir a entrada em grande escala de remédios e alimentos na faixa de Gaza.
A União Europeia (UE) endossou parcialmente o apelo francês, pedindo uma "trégua humanitária imediata", mas sem especificar a duração.
Sarkozy, que ontem passou a Presidência rotativa da UE à República Tcheca, irá na próxima semana ao Oriente Médio em busca de apoio para seu projeto de trégua.
A proposta francesa concorre com outra, negociada pelos governos egípcio e turco, que pediram ontem um acordo em três pontos: fim dos bombardeios, volta à trégua de seis meses que vigorou até a semana retrasada entre Hamas e Israel e reabertura da fronteira entre Gaza e o Egito.
Israel não se pronunciou sobre o plano turco-egípcio, mas fontes israelense citadas pela Reuters afirmaram que o governo israelense estaria disposto a um cessar-fogo desde que o acordo fosse monitorado por observadores internacionais.
Se confirmada, a proposta representaria um marco, já que Israel sempre rejeitou a presença de monitores estrangeiros -fossem eles da ONU, da UE ou até da Otan (aliança militar ocidental).
Já o Hamas condicionou o cessar-fogo ao fim imediato do bloqueio a Gaza.
Num esforço para pressionar o grupo islâmico a aceitar a proposta, o Egito -aliado dos EUA e que mantém relações normais com Israel- voltou ontem a criticar o Hamas e acusou o grupo de ter provocado os ataques israelenses.
O chanceler Ahmed Abul Gheit exigiu o fim dos disparos de mísseis contra Israel e disse que os reiterados ataques do Hamas deram uma desculpa para o início da ofensiva israelense contra Gaza.

Com agências internacionais



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