|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bush deve ordenar inquérito sobre falhas da inteligência
DE NOVA YORK
O presidente dos EUA, George
W. Bush, deve assinar uma ordem
executiva estabelecendo uma investigação das falhas dos serviços
de inteligência americanos em relação à existência de armas de
destruição em massa no Iraque.
A informação, não confirmada
oficialmente, foi divulgada por
agências de notícias internacionais e diversos órgãos de imprensa nos EUA com base em autoridades da Casa Branca que não se
identificaram.
A existência de um suposto arsenal de armas químicas e biológicas -e mesmo nucleares- do
Exército iraquiano foi a justificativa do governo Bush para empreender uma guerra contra o
Iraque no ano passado.
No entanto, ao longo das últimas semanas, David Kay, ex-chefe da equipe americana de busca
de armas no Iraque, fez declarações que põem em xeque a credibilidade dos serviços de inteligência americanos. "Se você não pode contar com uma inteligência
que é boa e precisa, certamente
não pode ter uma política de ataques preventivos", disse ontem ao
canal americano Fox News.
De acordo com Kay, que entregou o cargo há mais de uma semana, o governo Bush superestimou a capacidade de interpretação que os agentes de inteligência
poderiam fazer de mapas e fotos
de satélite.
Ao estabelecer uma comissão
para investigar as falhas, Bush poderá ter controle sobre os membros e sobre o mandato.
O presidente, segundo as fontes
na Casa Branca, deverá consultar
especialistas em informações de
inteligência para escolher os
membros da comissão, que deve
ser independente e dotada de todos os recursos para realizar o seu
trabalho.
A investigação poderá ir além
de simplesmente verificar o que
houve de errado no Iraque, segundo uma autoridade da Casa
Branca. Deverá também se focar
em como são conseguidas informações em organizações como a
Al Qaeda e sobre a proliferação de
armas de destruição em massa.
Por enquanto, não há data definida para a conclusão da investigação. O objetivo é evitar que isso
ocorra nas proximidades da eleição presidencial em novembro.
Powell
Uma reportagem publicada ontem pelo jornal "New York Times" mostra as discrepâncias entre o discurso do secretário de Estado, Colin Powell, em fevereiro
de 2003, e as recentes revelações
feitas por Kay.
Diante do Conselho de Segurança da ONU (Organização das
Nações Unidas), Powell exibiu, no
ano passado, mapas, fotos de satélite e vários relatórios fornecidos por serviços de inteligência.
De posse desse aparato, o secretário afirmou que o Iraque representava uma grave ameaça à segurança americana e que o regime
do ex-ditador Saddam Hussein
conduzia um ambicioso programa de construção de armas de
destruição em massa.
Em entrevista ao "New York Times" na semana passada, Kay rebateu esse argumento: "Estou
pessoalmente convencido de que
não havia grandes estoques recentes de material para a produção de armas de destruição em
massa".
Blair sob pressão
No Reino Unido, o primeiro-ministro Tony Blair também sente o impacto da perda de confiança dos britânicos.
Pesquisa publicada ontem pelo
jornal inglês "The Sunday Times"
mostra que 54% dos ingleses defendem uma investigação independente sobre as informações
dos serviços de inteligência usadas para justificar a guerra.
Texto Anterior: Projetos curdos trombam com fortes interesses Próximo Texto: Tragédia: Tumulto causa 244 mortes perto de Meca Índice
|