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Papa impede candidatura de bispo paraguaio
Vaticano não aceita renúncia de Lugo ao sacerdócio; padres não podem concorrer à Presidência no país
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
O Vaticano suspendeu o bispo Fernando Lugo, 55, o religioso esquerdista que pediu para deixar a batina para concorrer à Presidência do Paraguai.
O papa Bento 16 não acolheu
seu pedido de demissão do estado clerical e o cardeal Giovanni Batista Ré lhe pediu que
"permaneça fiel à sua missão
pastoral".
"O grande impedimento para
a candidatura de Lugo é que a
Constituição de 1992 determina uma incompatibilidade total
entre o estado clerical e a candidatura à Presidência. Por isso, Lugo precisaria deixar de
ser sacerdote", disse à Folha a
cientista política Line Bareiro,
do Centro de Documentação e
Estudos do Paraguai.
Lugo, conhecido como "bispo vermelho" e famoso por seu
trabalho social, está em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais - e pode dar fim a 40
anos de governo do Partido Colorado, nas eleições de 2008.
A sanção vaticana abriu um
forte debate judicial no país. O
presidente Nicanor Duarte
Frutos, que busca uma reforma
constitucional que permita sua
reeleição, quer o apoio do bispo
opositor para a reforma.
"Me solidarizo com Lugo
porque estamos na mesma situação. Queremos ser candidatos, mas existem pequenas travas jurídicas", disse o presidente. "Poderíamos fazer a emenda e o habilitamos, e que eu
também tenha uma outra
oportunidade."
Em entrevista à TV, Lugo
disse que, segundo a Constituição, "ninguém pode ser obrigado a pertencer a nenhuma associação se livremente renuncia a ela".
"Muitos políticos opositores
comemoraram nos bastidores
a decisão do Vaticano", diz a
colunista Patricia Vagas, do
jornal "Última Hora". "Eles dizem que estão do lado de Lugo,
mas, na verdade, comemoram
o fato de que, sem reforma,
Duarte e Lugo ficarão fora da
disputa."
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