São Paulo, sexta-feira, 02 de fevereiro de 2007

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Rússia reagirá a escudo antimíssil

Presidente russo diz que instalação de sistemas no Leste Europeu pelos EUA terá resposta assimétrica e eficaz

Em coletiva anual, Vladimir Putin nega que use como arma política seus recursos energéticos e promete sucessão "democrática"

DA REDAÇÃO

O presidente russo, Vladimir Putin, rejeitou ontem a afirmação de que seu governo usa seus recursos energéticos como arma política e prometeu uma resposta "assimétrica e eficaz" à instalação, pelos EUA, de sistemas de defesa antimísseis em países do Leste Europeu.
As declarações foram feitas durante sua tradicional entrevista coletiva anual, que desta vez durou mais de três horas e contou com a presença de mais de 1.200 jornalistas.
"Uma tese está sendo levantada o tempo todo: a de que a Rússia usa seus antigos e novos recursos econômicos para atingir objetivos de política externa. Não está", disse Putin.
O presidente russo afirmou que as disputas por preço de petróleo e de gás com Ucrânia e Belarus indicam apenas a reversão da política de fornecimento desses combustíveis a preços abaixo do mercado praticada antes com os países do eixo soviético. Em janeiro passado, essas disputas chegaram a levar à interrupção do suprimento de petróleo, via Belarus, a parte da Europa Ocidental.
"Não somos obrigados a subsidiar as economias de outros países", afirmou.
Putin disse ainda ser "interessante" a idéia de se criar um organização de países exportadores de gás análoga à Opep, do petróleo. Mas enfatizou que a Rússia não tem planos de participar de um cartel e que esse órgão deveria garantir o fornecimento do combustível.

Sistema de defesa
O presidente russo qualificou ainda de "infundados" os argumentos de Washington de que o objetivo de seu sistema antimísseis é interceptar possíveis lançamentos de foguetes balísticos pelo Irã ou por terroristas. RepúblicaTcheca e Polônia, que já foram do bloco comunista, deram recentemente sinal verde para o início das negociações com os EUA para a instalação desses sistemas em seus territórios.
"O Irã nem sequer tem mísseis balísticos, só de médio alcance", afirmou Putin. "Consideramos essas alegações infundadas e, naturalmente, isso nos preocupa diretamente e irá provocar uma reação relevante. Essa reação será assimétrica, mas será altamente eficiente."
Putin afirmou que os mísseis balísticos intercontinentais russos Topol-M são capazes de penetrar esses sistemas de defesa e acrescentou que armas mais eficazes estão sendo desenvolvidas.

Sucessão
A coletiva também foi recheada de piadas e afirmações espirituosas de Putin, um ex-espião da KGB descrito muitas vezes como taciturno. Questionado sobre o que fazia quando acordava de mau humor, Putin respondeu: "Converso com meu cachorro Koni".
Mas o presidente russo se mostrou irritado com a insistência de perguntas sobre a sucessão presidencial, prometendo uma "livre escolha democrática". "Não haverá um sucessor, haverá candidatos à Presidência. Reservo-me o direito de expressar minha preferência, mas isso será feito apenas na campanha eleitoral."


Com agências internacionais

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