São Paulo, sábado, 02 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mulheres-bomba matam 72 em feiras de Bagdá

Atentados prometem reacender debate sobre Iraque nas primárias americanas

Polícia iraquiana atribui ataques à Al Qaeda, que teria usado deficientes mentais para explosões em mercados de animais

DA REDAÇÃO

Dois atentados com mulheres-bombas contra feiras de animais em Bagdá deixaram ontem pelo menos 72 mortos. Os ataques contrariam a tendência de diminuição da violência observada na capital iraquiana nos últimos meses e prometem reacender o debate sobre a situação iraquiana nas primárias para as eleições presidenciais americanas.
A polícia iraquiana atribuiu os ataques à rede terrorista Al Qaeda, que teria usado duas mulheres com síndrome de Down nos ataques. Policiais afirmaram que elas provavelmente não sabiam que fariam uma missão suicida. As bombas teriam sido acionadas por controle remoto.
A primeira explosão ocorreu no final da manhã, no mercado de animais de Ghazil, no centro de Bagdá, e matou 45 pessoas. O segundo ataque aconteceu 20 minutos depois, num mercado de pássaros na região sudeste de Bagdá, onde pelo menos 27 pessoas morreram.
Os atentados foram os piores desde 18 de abril de 2007, quando a explosão de um carro-bomba em Bagdá matou 116 pessoas. O ano de 2008 havia começado com sinais de diminuição da violência no Iraque, embora o nível continue alto. Em janeiro, segundo autoridades locais, 541 iraquianos foram assassinados, o menor números em 23 meses.
Os ataques de ontem devem reacender nas primárias para a eleição presidencial dos EUA as discussões sobre a presença no Iraque de 157 mil soldados americanos. O assunto havia se tornado secundário desde que pesquisas recentes revelaram, no mês passado, que a insegurança econômica ultrapassou o Iraque como principal preocupação dos americanos.
O Iraque estava tão distante da campanha, notou o "Financial Times", que alguns pré-candidatos vinham atraindo a simpatia de eleitores teoricamente contrários à suas posições sobre o conflito.
O jornal cita os casos de John McCain e Barack Obama. O primeiro, um ferrenho defensor da estratégia da Casa Branca de aumentar as tropas no Iraque, levou a melhor nas primárias de Michigan entre os republicanos contrários à guerra. O segundo, opositor de primeira hora da invasão, ficou em primeiro lugar nas primárias de New Hampshire entre os democratas favoráveis à manutenção das tropas americanos "pelo tempo necessário".
A retomada da violência no Iraque também deve reforçar dentro do governo americano a posição de assessores contrários à retirada de 20 mil soldados até julho, que havia sido anunciada pelo presidente George W. Bush.


Com "New York Times", "Financial Times" e agências internacionais


Texto Anterior: Artigo: A ascensão e os desafios de McCain
Próximo Texto: Iraque quer importar táxis do Brasil
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.