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Brasil e França articulam grupo pela soltura de reféns das Farc
ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A PARIS
Brasil e França articulam a
criação de um novo grupo de
observadores internacionais
para a libertação da franco-colombiana Ingrid Betancourt e
de outros reféns das Farc (Forças Armadas Revolucionárias
da Colômbia), como um primeiro passo para um processo
de paz entre a guerrilha e o governo Álvaro Uribe.
O novo grupo foi discutido
ontem em Paris num encontro
do assessor internacional da
Presidência, Marco Aurélio
Garcia, com o chefe da seção
das Américas do Ministério de
Relações Exteriores da França,
Daniel Parfait, que já foi embaixador em Bogotá e é cunhado
de Ingrid Betancourt.
A mulher de Parfait, Astrid, é
irmã de Betancourt, ex-candidata à Presidência da Colômbia
em poder das Farc desde 2002.
No próximo dia 23, ela completa seis anos em cativeiro.
"O ideal é que o grupo [de observadores] seja funcional, tenha credibilidade e seja constituído por países que não criem
asperezas mútuas", disse Garcia. Ele foi um dos observadores na primeira e fracassada
tentativa de retirar as reféns
Consuelo González e Clara Rojas, que acabaram libertadas logo depois, em janeiro.
Garcia citou dois países que
serão incluídos: a Argentina,
"por seu peso na região e a ação
política anterior [na soltura das
duas]", e Cuba, "que pode ter
papel fundamental não só para
soltar reféns, mas para o próprio acordo de paz". Segundo
ele, "Uribe tem sido muito elogioso às atitudes dos cubanos".
A criação do grupo, frisou
Garcia, depende da aprovação
de Uribe e do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, decisivo
para a liberação de janeiro.
"Chávez tem um trunfo, que é
abertura de um canal com as
Farc", disse, garantindo que o
Brasil não tem contato com as
Farc. "Não houve nenhum contato com as Farc, nem temos
condição de estabelecê-lo."
Na sua opinião, a aproximação dos vizinhos em torno da libertação de reféns e de um processo de paz na Colômbia tem
um efeito político. "O Brasil
tem uma preocupação particular: o problema dos reféns, mais
até do que qualquer outra consideração humanitária, tem
que ajudar o processo de integração sul-americana".
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