São Paulo, sábado, 02 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasil e França articulam grupo pela soltura de reféns das Farc

ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A PARIS

Brasil e França articulam a criação de um novo grupo de observadores internacionais para a libertação da franco-colombiana Ingrid Betancourt e de outros reféns das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), como um primeiro passo para um processo de paz entre a guerrilha e o governo Álvaro Uribe.
O novo grupo foi discutido ontem em Paris num encontro do assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, com o chefe da seção das Américas do Ministério de Relações Exteriores da França, Daniel Parfait, que já foi embaixador em Bogotá e é cunhado de Ingrid Betancourt.
A mulher de Parfait, Astrid, é irmã de Betancourt, ex-candidata à Presidência da Colômbia em poder das Farc desde 2002. No próximo dia 23, ela completa seis anos em cativeiro.
"O ideal é que o grupo [de observadores] seja funcional, tenha credibilidade e seja constituído por países que não criem asperezas mútuas", disse Garcia. Ele foi um dos observadores na primeira e fracassada tentativa de retirar as reféns Consuelo González e Clara Rojas, que acabaram libertadas logo depois, em janeiro.
Garcia citou dois países que serão incluídos: a Argentina, "por seu peso na região e a ação política anterior [na soltura das duas]", e Cuba, "que pode ter papel fundamental não só para soltar reféns, mas para o próprio acordo de paz". Segundo ele, "Uribe tem sido muito elogioso às atitudes dos cubanos".
A criação do grupo, frisou Garcia, depende da aprovação de Uribe e do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, decisivo para a liberação de janeiro. "Chávez tem um trunfo, que é abertura de um canal com as Farc", disse, garantindo que o Brasil não tem contato com as Farc. "Não houve nenhum contato com as Farc, nem temos condição de estabelecê-lo."
Na sua opinião, a aproximação dos vizinhos em torno da libertação de reféns e de um processo de paz na Colômbia tem um efeito político. "O Brasil tem uma preocupação particular: o problema dos reféns, mais até do que qualquer outra consideração humanitária, tem que ajudar o processo de integração sul-americana".


Texto Anterior: Chefão colombiano é morto na Venezuela
Próximo Texto: China: Frio já matou 60; prossegue o caos ferroviário
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.