São Paulo, sábado, 02 de fevereiro de 2008

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Chefão colombiano é morto na Venezuela

Arilio Varela chefiava maior narcocartel colombiano

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

O chefe do maior cartel do narcotráfico colombiano, Wilber Alirio Varela, um dos homens mais procurados do mundo, foi assassinado no Estado de Mérida, oeste da Venezuela, revelou uma autópsia ontem. A morte acontece em meio a acusações do governo americano de que o presidente Hugo Chávez tolera o tráfico de drogas em seu território.
O corpo de Varela e de um suposto guarda-costas foram encontrados na quarta-feira por funcionários de um hotel turístico na área rural dos Andes venezuelanos, onde estavam registrados com nomes falsos. Ambos morreram com disparos de pistola 9 mm na cabeça e em outras partes do corpo. Até agora, ninguém foi preso.
Pouco antes da confirmação da autópsia, o diretor da Polícia Nacional colombiana, Oscar Naranjo, disse que Varela "foi nos últimos anos a principal cabeça das organizações narcotraficantes colombianas. Teve uma carreira com a pistolagem e terminou como chefe de uma organização mafiosa".
Segundo informações do DEA, a agência americana antidrogas, Varela tinha 50 anos e havia ingressado no narcotráfico nos anos 1980. Conhecido também pelo apelido de "Jabón", estava na lista dos dez mais procurados pelos EUA, que ofereciam até US$ 5 milhões por informações sobre o seu paradeiro.

Parceiro de Abadía
Um ex-oficial da polícia colombiana, Varela era o último grande chefe em atividade do cartel do Norte do Valle, radicado no departamento de Valle del Cauca (oeste) e fortalecido nos anos 1990 após o desmantelamento dos cartéis de Cali e Medellín. Os outros dois grandes chefes desse cartel eram Juan Carlos Ramírez Abadía, preso no Brasil no ano passado, e Diego León Montoya Sánchez, o "Don Diego", capturado na Colômbia em setembro.
Nos últimos anos, Varela e Don Diego travaram uma guerra pelo controle do cartel, com mais de uma centena de mortes. O DEA estima que saíram do Norte do Valle rumo aos EUA cerca de 500 toneladas de cocaína desde 1999, estimadas em US$ 10 bilhões.
No ano passado, fontes do governo colombiano haviam dito que Varela e outros líderes menores do narcotráfico viviam na Venezuela, país que, segundo Bogotá e Washington, escoa cerca de um terço da cocaína produzida no país vizinho.
Em recente visita a Bogotá, o czar antidrogas americano, John Walters, acusou Chávez de ser conivente com o narcotráfico. "É hora de enfrentar o fato de que o presidente Chávez está se convertendo num grande facilitador do trânsito de cocaína para a Europa e outras partes desse hemisfério."
Em resposta, o presidente venezuelano defendeu o uso da folha de coca e disse que as declarações fazem parte de um plano americano para criar um incidente bélico entre os dois países. "Eu mastigo coca todos os dia de manhã", disse na semana passada. "E olhem como estou", provocou, mostrando os bíceps.


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