São Paulo, segunda-feira, 02 de fevereiro de 2009 |
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Farc libertam 4 reféns após dia tenso
Três policiais e um soldado são entregues a missão da Cruz Vermelha, que contou com o apoio de militares brasileiros
FLÁVIA MARREIRO DA REPORTAGEM LOCAL Três policiais e um soldado libertados ontem pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) reencontraram à noite seus familiares na cidade colombiana de Villavicencio. Foi o cumprimento exitoso da primeira de três etapas da missão que, com o apoio logístico do Brasil, retirará da selva seis sequestrados que a guerrilha prometeu soltar. O desenlace veio depois de um dia tenso de troca de acusações entre integrantes da comissão que negociou com as Farc, liderada pela senadora oposicionista Piedad Córdoba, e o governo de Álvaro Uribe. Os policiais Walter José Lozano Guarnizo, 35, Alexis Torres Zapata, 26, e Juan Fernando Galicia Uribe, 27, e ainda o soldado William Giovanny Domínguez Castro, 23, -cativos na selva desde 2007- chegaram às 19h (22h em Brasília) em Villavicencio, capital do departamento de Meta, a 115 km de Bogotá. Lá, foram aclamados por um grande grupo formado por familiares, políticos e ativistas que os esperava. "Desde o dia 21 de dezembro [quando as Farc anunciaram a libertação] até hoje [ontem] estivemos caminhando. Sofríamos todos os dias a pressão do Exército", disse Galicia Uribe, que agradeceu a senadora Córdoba pela negociação e pediu que os ainda cativos da guerrilha tivessem fé. A libertação unilateral do grupo, a primeira feita pelas Farc desde fevereiro de 2008, é, segundo os planos iniciais, a primeira etapa da missão, coordenada pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). Pelo plano, está prevista para hoje a libertação do ex-governador do departamento de Meta Alan Jara, 51, e, na quarta, o ex-deputado regional Sigifredo López, 45. Tensão e acusações A tensão em torno da operação instalou-se no meio da tarde de ontem, quando o jornalista Jorge Botero, a bordo de um dos helicópteros da missão, disse à rede de TV chavista Telesur que a entrega de reféns havia sido atrasada -e correu o risco de ser abortada- porque, ao contrário do que prometeram, forças colombianas sobrevoaram "insistentemente" a área de entrega dos reféns causando nervosismo à tripulação. Pelo acordo, os Exército colombiano deveria congelar por 36 horas qualquer ação contra a guerrilha no local. Botero, integrante do grupo "Colombianos pela Paz", liderados pela senadora Córdoba, prometeu apresentar provas, em áudio e em vídeo, da violação do acordo. Um comandante das Farc, identificado como Jairo Martínez, também falou à Telesur e disse que um rebelde havia morrido por conta de "confrontos com o Exército". A resposta do governo veio rápida. O alto comissário para a Paz, Luis Carlos Restrepo, negou qualquer ataque e devolveu as acusações ao grupo. Disse que Botero foi quem violou o trato, ao falar à imprensa no meio da missão que durou quase nove horas. Restrepo disse que, assim como as Farc, o grupo tentava prejudicar o governo e faturar politicamente com a missão humanitária. Segundo uma fonte do Exército consultada pela Folha, a tripulação brasileira não reportou contratempos importantes durante a operação, ainda que a entrega dos reféns tenha acontecido numa localização diferente da primeira repassada ao piloto brasileiro. Além dos dois Cougar, o Brasil enviou 18 soldados do 4º Batalhão de Aviação do Exército, com sede em Manaus, para a operação. A ação é classificada, pelo Brasil, como operacionalmente simples -o batalhão faz cotidianamente resgates em áreas inóspitas da Amazônia-, mas politicamente complicada. O governo brasileiro não tem feito comentários, além dos logísticos, sobre a missão, que começou no Amazonas, no sábado (leia quadro nesta página). Já o delegado do CICV na Colômbia, Christophe Beney, veio a público criticar tanto o governo quanto a oposição e cobrou compromisso com as vidas em jogo. "Nos últimos minutos a operação tomou rumos muito delicados. [...] Peço a todos calma e prudência, para levar adiante a missão sem comprometer seu êxito nos próximos dias", disse Beney. Enfraquecidas militar e politicamente -a Colômbia passou o ano passado inteiro ouvindo e lendo depoimentos dramáticos de cativos e ex-cativos seus-, as Farc anunciaram a libertação unilateral de seis reféns em dezembro, na tentativa de relançar a proposta de troca de reféns por guerrilheiros presos. O governo Uribe rejeita. Segundo a rádio colombiana Caracol, Uribe pre"p Com agências internacionais Próximo Texto: Análise: Farc tentam influenciar debate eleitoral Índice |
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