São Paulo, segunda-feira, 02 de fevereiro de 2009

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Relação de Obama com Congresso começa difícil

Oposição resiste a plano de cooperação bipartidária

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

"Porque eu venci."
O espírito da reunião na Casa Branca era para ser bipartidário, mas foi essa a frase que os republicanos que participaram dela mais citaram na saída, na semana passada. Foi dita pelo presidente Barack Obama para encerrar uma discussão sobre um dos itens que ele queria que constasse do pacote de US$ 819 bilhões que acabaria sendo aprovado pela Câmara dos Representantes (deputados federais) na quarta-feira.
Nesta semana, o Senado começa a discutir sua versão do plano. Ele deve ser aprovado em algum momento dos próximos 15 dias, mas as modificações e o comportamento dos políticos na votação serão um importante termômetro da relação do novo Executivo com o novo Legislativo. Se o resultado da votação na Câmara servir de base, o democrata começou não muito bem.
Foram 244 votos a favor, todos do partido do presidente. Todos os 177 republicanos votaram contra, e a eles se juntaram 11 democratas conservadores fiscais, que não gostam do tamanho do desconto no imposto de renda que o plano prevê. Esse item, aliás, que Obama defendera na reunião na Casa Branca com a frase considerada antipática por alguns, é indicativo de como anda sua influência no atual Congresso.
Durante a campanha, o democrata defendera que o corte de impostos representasse 40% do pacote. Na primeira versão a chegar para a votação, já havia baixado para 26%. Na medida aprovada na Câmara, apenas 22% do total de US$ 819 bilhões representam cortes nos impostos. E o percentual pode cair ainda mais no Senado.
Ali, a situação conta com 56 cadeiras mais dois independentes que fecham com os democratas, ante 41 republicanos -há uma vaga ainda em disputa. São necessários 51 votos para a aprovação. Quer dizer, Obama não precisa de uma votação bipartidária, mas tem trabalhado por ela, para acumular um capital político que pretende usar em momentos de votações mais difíceis, como os da futura reforma dos sistemas financeiro e automotivo.
A reunião da semana passada foi parte da blitz do presidente em direção ao partido rival. A recepção que daria na noite de ontem a políticos dos dois partidos na residência oficial em torno da final do campeonato de futebol americano era outra.
Completa o tripé da ofensiva presidencial um convite para que o senador republicano Judd Gregg ocupe a vaga de secretário do Comércio, a última das principais do ministério ainda aberta, após a negativa do governador do Novo México, o democrata Bill Richardson.
O anúncio oficial deve ser feito hoje. Se Gregg aceitar, como já deu sinais, o governador de New Hampshire indicará o substituto. Ele é democrata. Com essa cadeira mais a disputa indefinida no Minnesota, que hoje pende à situação, Obama teria seu Senado com 60 votos -à prova de obstruções.


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