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Relação de Obama com Congresso começa difícil
Oposição resiste a plano de cooperação bipartidária
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
"Porque eu venci."
O espírito da reunião na Casa
Branca era para ser bipartidário, mas foi essa a frase que os
republicanos que participaram
dela mais citaram na saída, na
semana passada. Foi dita pelo
presidente Barack Obama para
encerrar uma discussão sobre
um dos itens que ele queria que
constasse do pacote de US$ 819
bilhões que acabaria sendo
aprovado pela Câmara dos Representantes (deputados federais) na quarta-feira.
Nesta semana, o Senado começa a discutir sua versão do
plano. Ele deve ser aprovado
em algum momento dos próximos 15 dias, mas as modificações e o comportamento dos
políticos na votação serão um
importante termômetro da relação do novo Executivo com o
novo Legislativo. Se o resultado
da votação na Câmara servir de
base, o democrata começou
não muito bem.
Foram 244 votos a favor, todos do partido do presidente.
Todos os 177 republicanos votaram contra, e a eles se juntaram 11 democratas conservadores fiscais, que não gostam do
tamanho do desconto no imposto de renda que o plano prevê. Esse item, aliás, que Obama
defendera na reunião na Casa
Branca com a frase considerada
antipática por alguns, é indicativo de como anda sua influência no atual Congresso.
Durante a campanha, o democrata defendera que o corte
de impostos representasse
40% do pacote. Na primeira
versão a chegar para a votação,
já havia baixado para 26%. Na
medida aprovada na Câmara,
apenas 22% do total de US$ 819
bilhões representam cortes nos
impostos. E o percentual pode
cair ainda mais no Senado.
Ali, a situação conta com 56
cadeiras mais dois independentes que fecham com os democratas, ante 41 republicanos
-há uma vaga ainda em disputa. São necessários 51 votos para a aprovação. Quer dizer,
Obama não precisa de uma votação bipartidária, mas tem trabalhado por ela, para acumular
um capital político que pretende usar em momentos de votações mais difíceis, como os da
futura reforma dos sistemas financeiro e automotivo.
A reunião da semana passada
foi parte da blitz do presidente
em direção ao partido rival. A
recepção que daria na noite de
ontem a políticos dos dois partidos na residência oficial em
torno da final do campeonato
de futebol americano era outra.
Completa o tripé da ofensiva
presidencial um convite para
que o senador republicano
Judd Gregg ocupe a vaga de secretário do Comércio, a última
das principais do ministério
ainda aberta, após a negativa do
governador do Novo México, o
democrata Bill Richardson.
O anúncio oficial deve ser feito hoje. Se Gregg aceitar, como
já deu sinais, o governador de
New Hampshire indicará o
substituto. Ele é democrata.
Com essa cadeira mais a disputa indefinida no Minnesota,
que hoje pende à situação, Obama teria seu Senado com 60 votos -à prova de obstruções.
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