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TUMULTO À VISTA
Desempregados e aposentados planejam exigir que supermercados voltem a doar 50 toneladas de alimentos por mês
Argentina faz hoje marcha por comida
MAURÍCIO SANTANA DIAS
de Buenos Aires
Desempregados e aposentados
argentinos devem fazer hoje protestos por todo o território argentino para pressionar supermercados
a doarem mensalmente 50 toneladas de alimentos. O movimento,
organizado pela CCC (Corrente
Classista Combativa) e pelo Movimento de Desempregados e Aposentados, fez com que a Secretaria
de Segurança Pública da Argentina
reforçasse a vigilância no país.
Desde outubro do ano passado a
CCC e o movimento de desempregados vêm fazendo pedidos mensais de provisões aos supermercados, que até então vinham concordando com as doações. Em janeiro, porém, as empresas resolveram
suspender as remessas e agora temem que haja saques e invasões
nos estabelecimentos.
Na sexta-feira passada, o líder do
Movimento de Desempregados e
Aposentados, Raúl Castells, foi detido por "extorquir e instigar delitos" em 23 de dezembro último,
em uma ação contra o supermercado Wal Mart.
A detenção de Castells faz parte
de uma estratégia intimidatória
iniciada pela Secretaria de Segurança Pública argentina, que no
momento estuda a possibilidade
de os manifestantes serem incriminados por "atentar contra a ordem constitucional".
Os supermercadistas se dizem vítimas da dívida política do governo com os desempregados (que
hoje chegam a 13% da população
economicamente ativa) e pedem
mais proteção das autoridades.
²
"Alvo errado'
"O problema é político: estão
apontando para nós, mas o verdadeiro alvo é o governo", afirmou
um empresário do setor. Entre os
donos de supermercados acredita-se que a detenção de Castells irá
desestimular o movimento e legitimar uma ação mais firme da polícia, que teria sido "muito omissa"
em ocasiões anteriores.
A poucos dias da manifestação, o
dirigente da CCC, Carlos Santillán,
reafirmou o propósito de "exigir a
entrega de 50 toneladas de alimentos mensais no dia 2 de fevereiro".
Segundo Santillán, nos protestos
previstos para hoje, os manifestantes deverão, entre outras atividades, ocupar supermercados em todo o país.
O confronto parece ser inevitável. Manifestantes e policiais, cada
qual do seu lado, montaram uma
autêntica operação de guerra para
hoje.
A ação ocorreria basicamente em
duas frentes: a Corrente Classista
Combativa agiria no interior do
país, e o Movimento de Desempregados e Aposentados atuaria na
Grande Buenos Aires e algumas
capitais de Província, como Córdoba e Paraná.
Para maior temor dos supermercadistas, fontes do governo estimam que imigrantes ilegais vão se
juntar ao protesto dos desempregados e dos aposentados.
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