São Paulo, terça-feira, 02 de março de 2010 |
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CATÁSTROFE NO CHILE Saques se disseminam por Concepción
Após tremor, segunda maior cidade do país registra saldo de um morto e 160 pessoas detidas durante toque de recolher
LEONARDO WEN EM CONCEPCIÓN Dois dias após o terremoto de 8,8 graus que atingiu o Chile, deixando ao menos 723 pessoas mortas, o Exército tentava restaurar a ordem em Concepción. A cidade foi uma das mais atingidas pelo tremor e palco de saques feitos por quem tenta garantir o que comer. Um toque de recolher foi imposto às 21h de domingo, mas não houve obediência imediata da população. Muitas pessoas carregavam livremente bens retirados de supermercados e lojas do centro. Foi somente por volta das 22h que a polícia começou a rondar, anunciando o toque de recolher em alto-falante e abordando os transeuntes. Nos bairros residenciais, moradores fizeram trincheiras na entrada das ruas para se proteger de possíveis saques. Durante o toque de recolher, 160 pessoas foram detidas, e um homem foi morto por disparo de arma de fogo. Às 7h de ontem, a fila de carros para comprar combustível num posto fora da cidade chegou a 1 km. No centro, a polícia coordenava a venda e havia limite de 20 litros por pessoa. Pelaa manhã, a polícia não conseguia deter saques e usou gás lacrimogêneo contra dezenas de pessoas que tentavam saquear um supermercado. No confronto, os saqueadores atearam fogo ao prédio e a uma loja de departamentos vizinha. Os bombeiros resgataram uma pessoa em chamas do interior do complexo comercial. "Aqui estão saqueando inclusive os quartéis", disse o comandante do Corpo de Bombeiros de Concepción, Jaime Jara. Segundo ele, os vândalos buscavam água e gasolina. A corporação deixou de atender emergências enquanto a segurança dos profissionais era revista. "Compreendemos que as pessoas precisam comer, mas saquear hospitais e consultórios... O que faremos para atender nossa gente?", disse Jara. À tarde, a presidente chilena, Michelle Bachelet -que classificou o terremoto como uma "enorme catástrofe"- anunciou a mobilização de 7.000 soldados, que chegarão hoje à região. Segundo ela, eles irão se somar aos mais de mil militares que já estão na cidade. Enquanto as forças de segurança tentam restaurar a ordem em Concepción, continuam as buscas por sobreviventes em meio aos escombros de prédios que desabaram. Equipes de resgate conseguiram ouvir o som feito por pessoas presas num edifício de 70 apartamentos, que ruiu com o tremor. Os trabalhos de perfuração das paredes tiveram início imediatamente. Bombeiros conseguiram tirar dos escombros 25 pessoas e nove corpos. Concepción, a segunda maior cidade chilena, continuava sem eletricidade. Água era um item escasso -a população recolhia o líquido de uma fonte usando baldes e garrafas. Um pequeno avião que se dirigia à cidade para verificar o estado de albergues caiu, matando os seis tripulantes. Próximo Texto: Caminho para o sul é retrato da devastação Índice |
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