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Caminho para o sul é retrato da devastação
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A TALCA
De um lado, poucos veículos civis e muitos militares. Do outro, um gigantesco congestionamento
de carros. A estrada que liga Santiago a Constituición, a cidade com maior
número de mortos (356)
no terremoto do último
sábado no Chile, era ontem um retrato das consequências do desastre.
Ao iniciar o percurso de
380 quilômetros rumo ao
sul, no início da tarde de
ontem, a Folha se deparou com uma pista quase
livre. Nos primeiros 60
quilômetros percorridos,
apenas outros 45 carros
foram avistados. O contraste com a imagem do
lado contrário era total.
Um comboio de 11 tanques e 13 caminhões do
Exército chileno tambem
seguia em direção à área
em que o governo Michelle Bachelet decretou "exceção constitucional por
catástrofe". A medida permitiu instituir toque de
recolher e entregar às Forças Armadas a segurança
da cidade, que anteontem
convivia com ameaça de
convulsão social.
Apesar de leve, o tráfego
avançava lentamente rumo a Constituición. Havia
desvios na estrada devido
a quedas de pontes e estreitamentos de pistas em
trechos em que o asfalto
ruiu. A cobrança de pedágios foi suspensa diante
dessas condições.
No caminho, o rádio informava que o fornecimento de energia ainda
não tinha sido restabelecido em Constituición, mais
de 60 horas após o terremoto. Tampouco havia retornado o fornecimento
de água. A comunicação
por telefone fixo inexistia.
Quanto mais a reportagem se aproximava da cidade, mais drásticos eram
os rastros deixados pelo
terremoto. Do que até a
madrugada de sábado era
uma extensa ponte sobre
um rio, restava apenas a
pilastra central despida de
braços de concreto -um
palito solto no ar.
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