São Paulo, terça-feira, 02 de março de 2010

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Escritora Lygia Bojunga relata instantes de terror

DA SUCURSAL DO RIO

A escritora infantil Lygia Bojunga, 77, que estava em Santiago no sábado, quando ocorreu o terremoto, disse que achou que "realmente meu último mom
ento havia chegado" quando a terra tremeu. Participante do Congresso Iberoamericano de Literatura Infantil e Juvenil, ao lado de um grupo de escritores, professores e representantes dos ministérios da Educação e Cultura, Bojunga diz não temer os saques que se sucederam ao desastre. Afirma que só quer "voltar para casa". Bojunga é dona de um prêmio Hans Christian Andersen, o Nobel da literatura infantil. (PEDRO SOARES)

 

FOLHA - Qual foi a sensação na hora do terremoto?
LYGIA BOJUNGA
- A hora foi terrível. Foi às 4h da manhã. Quando acordei, num primeiro momento, não entendi o que era aquilo. Só num segundo momento percebi que era um terremoto. Começou a desabar tudo no quarto. A sensação que a gente tem é que alguém está nos sacudindo com toda a força. Para nós brasileiros que nunca experimentamos uma sensação assim, foi um trauma. Foram minutos que pareceram a eternidade. Eu achei que realmente meu último momento havia chegado. Estava num andar alto e imaginei que com tantas sacudidelas o edifício fosse vir abaixo. Só fiquei esperando que aquele troço todo fosse desabar na minha cabeça.

FOLHA - E como foi depois? E as réplicas, causaram medo?
BOJUNGA
- Daí para frente, foram horas de susto. Todo mundo teve de ser evacuado. Fomos para a rua. Ficamos aguardando. Eu senti umas duas ou três réplicas, mas bem mais suaves. Foram bem mais fracas. Desde então, ficamos reféns aqui em Santiago e continuamos aguardando porque o aeroporto continua fechado. Aguardamos a situação se restabelecer.

FOLHA - E como está a situação agora?
BOJUNGA
- Hoje [ontem], não teve nada. Parece que a situação está voltando ao normal. Aguardamos para ver quando o aeroporto vai reabrir para podermos voltar para casa. É o que todos queremos.

FOLHA - A senhora teme os saques? Passa por alguma restrição ou desconforto?
BOJUNGA
- Não, não. Não temo nada. Estamos sendo muito bem tratados por todos. Todos muito cordiais tanto da parte do organizadores do congresso como do hotel. Nesse ponto, tivemos muita sorte.


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