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Escritora Lygia Bojunga relata instantes de terror
DA SUCURSAL DO RIO
A escritora infantil Lygia Bojunga, 77, que estava em Santiago no sábado, quando ocorreu o
terremoto, disse que achou que
"realmente meu último mom
ento havia chegado" quando
a terra tremeu.
Participante do Congresso
Iberoamericano de Literatura
Infantil e Juvenil, ao lado de
um grupo de escritores, professores e representantes dos ministérios da Educação e Cultura, Bojunga diz não temer os saques que se sucederam ao desastre. Afirma que só quer "voltar para casa".
Bojunga é dona de um prêmio Hans Christian Andersen,
o Nobel da literatura infantil.
(PEDRO SOARES)
FOLHA - Qual foi a sensação na hora do terremoto?
LYGIA BOJUNGA - A hora foi terrível. Foi às 4h da manhã. Quando acordei, num primeiro momento, não entendi o que era
aquilo. Só num segundo momento percebi que era um terremoto. Começou a desabar tudo no quarto.
A sensação que a gente tem é
que alguém está nos sacudindo
com toda a força. Para nós brasileiros que nunca experimentamos uma sensação assim, foi
um trauma. Foram minutos
que pareceram a eternidade.
Eu achei que realmente meu
último momento havia chegado. Estava num andar alto e
imaginei que com tantas sacudidelas o edifício fosse vir abaixo. Só fiquei esperando que
aquele troço todo fosse desabar
na minha cabeça.
FOLHA - E como foi depois? E as réplicas, causaram medo?
BOJUNGA - Daí para frente, foram horas de susto. Todo mundo teve de ser evacuado. Fomos
para a rua. Ficamos aguardando. Eu senti umas duas ou três
réplicas, mas bem mais suaves.
Foram bem mais fracas. Desde
então, ficamos reféns aqui em
Santiago e continuamos aguardando porque o aeroporto continua fechado. Aguardamos a
situação se restabelecer.
FOLHA - E como está a situação
agora?
BOJUNGA - Hoje [ontem], não
teve nada. Parece que a situação está voltando ao normal.
Aguardamos para ver quando o
aeroporto vai reabrir para podermos voltar para casa. É o
que todos queremos.
FOLHA - A senhora teme os saques?
Passa por alguma restrição ou desconforto?
BOJUNGA - Não, não. Não temo
nada. Estamos sendo muito
bem tratados por todos. Todos
muito cordiais tanto da parte
do organizadores do congresso
como do hotel. Nesse ponto, tivemos muita sorte.
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