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foco
Empresa responsável pelo jogo virtual FarmVille retém
dinheiro de doações a Haiti
DA FOLHA ONLINE
A empresa Zynga, responsável pelo game virtual FarmVille, sucesso no Brasil e no
mundo, é suspeita de ludibriar
jogadores internautas e reter
parte nas doações feitas por
eles a campanhas humanitárias, como a das vítimas do terremoto no Haiti. Por meio de
uma porta-voz, a empresa nega a suspeita e diz que a contribuição de 100% (do que é doado) é uma "exceção".
No ano passado, a empresa
teria arrecadado US$ 2,7 milhões em doações -mas doou
apenas a metade deste valor.
Procurada pela Folha Online,
a a porta-voz disse que isso é
uma "prática comum" da companhia. Ela disse ainda que informou aos usuários do game
acerca da divisão dos valores
doados.
A empresa também é suspeita de usar de "truques" para
induzir os jogadores a contribuir com doações quando, na
verdade, estão apenas comprando dinheiro virtual para
ser usado em FarmVille.
Por e-mail, a empresa informou que doou 50% de valores
arrecadados antes do tremor
para as instituições haitianas
Fonkoze, de microcrédito, e
Fatem, voltada à tecnologia da
informação. A companhia, entretanto, se recusou a mencionar o valor arrecadado, porque
a Zynga é "uma empresa privada e esta é uma informação
ligada à competitividade".
Entretanto, a Folha Online
apurou que uma das organizações citadas pela Zynga, a Fatem, recebeu somente US$
192 mil da empresa. Até o fechamento da edição, ninguém
da Fonkoze havia comentado
o assunto.
Revelada pela revista "Superinteressante", a retenção de
doações colhidas no ano passado ocorre em meio a 25 processos relativos a plágios de jogos. A empresa se recusa a dizer quanto foi arrecadado até
hoje em doações de jogadores
a campanhas humanitárias.
Segundo a porta-voz, esta informação é "estratégica".
A Zynga declara que contribuiu, nos primeiros cinco dias
de campanha para o Haiti, logo após o terremoto em janeiro, com 100% do que era doado, e que esse montante chegou a US$ 1,5 milhão. Só que a
campanha arrecadatória durou pelo menos dez dias.
Doação ou truque
Em janeiro último, dias após
o terremoto do Haiti, surgiu
um ícone em FarmVille que,
ao ser clicado, convidava os jogadores a doar US$ 10, US$ 20,
US$ 30 ou US$ 40 para as vítimas. Após efetuar o pagamento com cartão de crédito, o jogador descobria que não estava contribuindo diretamente
com o Haiti, e sim comprando
o dinheiro virtual do jogo.
Se quisesse contribuir com
as vítimas, teria de iniciar
plantações e colheitas de milho branco virtual (a popular
canjica), e somente o que fosse
plantado e colhido é que seria
enviado ao Haiti. Mas quem
comprou US$ 40 jamais conseguiria gastar o total, porque
a campanha tinha duração
preestabelecida e não haveria
tempo para contribuir com os
FV$ 240 adquiridos. A sobra
de FV$, após dez dias de colheita, só poderia ser usada novamente no jogo -comprando
bens, animais ou decorações
virtuais para as fazendinhas. A
porta-voz da empresa nega esta informação, mas a Folha
Online a confirmou, pois efetuou a doação.
O "Farmville" tem quase 80
milhões de usuários no mundo
-por volta de 20% do total de
usuários do Facebook.
No Brasil, o aplicativo é o
mais popular no site de relacionamentos: 1,125 milhão de
pessoas estiveram no jogo em
janeiro (por volta de 15% dos
usuários brasileiros do site), de
acordo com dados do Ibope.
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