São Paulo, domingo, 02 de abril de 2006

Próximo Texto | Índice

IRAQUE SOB TUTELA

Cresce pressão sobre o xiita Jaafari no bloco majoritário; desistência romperia meses de impasse político

Xiitas exortam premiê iraquiano a sair

Dave Thompson/Associated Press
Britânicos protestam contra visita de Rice e Blackburn com cartaz que diz que ela não é bem-vinda


DA REDAÇÃO

O longo impasse criado no Iraque para a formação de um novo governo pode estar chegando ao fim, com a clara divisão do bloco árabe xiita em torno do plano de recondução de Ibrahim al Jaafari ao cargo de primeiro-ministro.
Qassin Dawoud, dirigente xiita e ex-ministro da Segurança Nacional, apelou abertamente para que Jaafari desista de ser reconduzido à chefia do novo gabinete.
"Há uma corrente na Aliança Iraque Unido [principal grupo xiita] para que ele abra mão de seu projeto, em razão do bloqueio a que as negociações chegaram", disse Dawoud. "Eu pessoalmente pedi a ele para que retire sua candidatura." Também fez um apelo para que o premiê "dê um passo corajoso", retire-se da disputa política e negocie outro nome.
Dawoud disse ter por 50 dias apoiado o projeto de recondução de Jaafari, mas que chegou o momento de "entender que precisamos de um primeiro-ministro para todos os iraquianos".
Segundo a Reuters, deputados xiitas calculam que 60% da bancada quer que o premiê se retire.
Líderes dessa comunidade citados pela Associated Press exprimiram posições semelhantes. Disseram crer que o atual premiê não conseguirá suspender o veto a sua permanência que partiu dos curdos e dos árabes sunitas. Ambos se recusam a indicar ministros caso o nome seja mantido.
As eleições legislativas de 15 de dezembro deram aos xiitas, majoritários no Iraque, o controle do Parlamento, com 130 das 275 cadeiras. Mas Jaafari, afirmam seus críticos, fracassou na tentativa de diminuir as tensões internas e pôr fim ao que muitos já consideram uma guerra civil.
O presidente americano, George W. Bush, também deu claros sinais de que preferiria outra pessoa na chefia do governo. Os EUA acreditam que só o início da pacificação permitiria iniciar a retirada de seus militares do país.
Mas um dos principais assessores do premiê, Jawad al Maliki, afirmou ontem à Reuters que ele, "em definitivo, não desistirá".
Um porta-voz do premiê, Abdul al Kadhmi, disse que a escolha de outro nome que não seja o de Jaafari "racharia" o bloco xiita. "Só ele é forte para manter o grupo unido", disse o porta-voz.

Helicóptero americano
Um helicóptero americano acidentou-se ou foi derrubado a sudoeste de Bagdá. Informantes militares não deram maiores detalhes e não revelaram o paradeiro de seus tripulantes.
Incidentes esparsos provocaram ontem 26 mortes. O principal ocorreu num bairro xiita da capital, quando um ônibus foi metralhado, com a morte de seis ocupantes. Soldados americanos e iraquianos mataram três supostos guerrilheiros em Bagdá.
Também ontem, a jornalista americana Jill Carroll, libertada na quinta após 82 dias seqüestrada no Iraque, embarcou para os EUA, onde deveria chegar à noite.

Com agências internacionais


Próximo Texto: Protestos a guerra e a Guantánamo recepcionam Rice
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.